Pouco mais de um ano depois, o caso da morte de Giovani Rodrigues vai a julgamento, em Bragança, Portugal. O início do mesmo está agendado para 10 de Fevereiro e no banco dos réus vão sentar-se sete arguidos acusados da morte do jovem estudante cabo-verdiano e de três crimes de ofensa à integridade física agravada, aos três amigos que acompanhavam Giovani
O pai do jovem, natural dos Mosteiros, avança o site Contacto, quer estar presente no julgamento e espera justiça pela morte do filho de 21 anos, tido por todos no Fogo, como um “bom menino”.
“Farei de tudo para estar presente e prestar declarações na qualidade de demandante civil. Estou com esperança que justiça seja feita”, expressou, citado pelo mesmo online.
Os sete arguidos, todos de Bragança, e com idades que variam entre os 24 e os 35 anos, são acusados de um crime de homicídio qualificado na forma consumada e por três crimes de ofensa à integridade física agravada (aos amigos que acompanhavam Giovani na noite de 21 de Dezembro, data dos acontecimentos que levariam à morte de Giovani a 31 de Dezembro de 2019).
Segundo avança a imprensa portuguesa, há três arguidos que estão em prisão preventiva e quatro em domiciliária com pulseira electrónica.
Histórico
Recorde-se que tudo aconteceu a 21 de dezembro de 2019, quando Giovani e três amigos se terão desentendido com um grupo de jovens dentro de uma discoteca, em Bragança.
Já na rua, a poucos metros da discoteca, Giovani foi agredido por vários elementos do outro grupo até ser ajudado pelos amigos. Ao fugirem, Giovani terá caído numas escadas e foi encontrado sozinho, caído na rua e, posteriormente levado para o hospital de Bragança, tendo sido transferido para o hospital de Santo António, no Porto, onde acabaria por falecer 10 dias depois, na presença do pai que foi de Cabo Verde para acompanhar o estado do filho.
Conforme o processo judicial, o jovem apresentava uma taxa de alcoolemia de 1,59 gramas, por litro de sangue e a autópsia não foi conclusiva, indicando que a causa da morte pode ter sido homicida ou acidental, facto que tem sido utilizado pela defesa dos arguidos para gerar dúvida.
Giovani estava naquela cidade do Norte de Portugal, desde Outubro de 2019 para completar uma formação em Design de Jogos Digitais, no Instituto Politécnico de Bragança.
O jovem era tido pela população dos Mosteiros, de onde era natural, como um jovem afável e simpático “um bom menino” como chegou a declarar o pai. Era ainda considerado um dos mais promissores artistas dos Mosteiros, tendo-se destacado na banda Beatz Boys, um grupo integrado por jovens formados pela paróquia de Nossa Senhora da Ajuda, da qual fazia parte.
O corpo de Giovani foi dado à terra a 18 de Janeiro de 2020, nos Mosteiros, na presença de centenas de familiares e amigos que lhe prestaram uma última homenagem. O caso chocou Cabo Verde e toda a sua diáspora espalhada pelo mundo, despoletando uma série de manifestações contra o racismo, em vários países.
Contudo, de notar que o caso não foi tratado pelo móvil de crime de racismo, mas sim como um homicídio causado por “motivos fúteis”.