Os partidos da oposição acusaram nesta quarta-feira, 27, durante a sessão Parlamentar, o Governo de colocar em causa a imagem externa do país, com os últimos episódios ocorridos em Cabo Verde, que envolveram César Do Paço, tido como um dos principais financiadores do partido de extrema-direita, em Portugal, e que foi nomeado, e depois, exonerado, do cargo de cônsul honorário de Cabo Verde na Flórida.
Enquanto o MpD, partido que sustenta o Governo, considerou que processos menos conseguidos não definem a política externa de Cabo Verde, a presidente do PAICV, Janira Hopffer Almada, responsabilizou o Primeiro Ministro, Ulisses Correia e Silva, pelos vários episódios que marcaram negativamente a política externa que, do
seu ponto de vista, colocaram em causa a imagem externa de Cabo Verde.
A mesma afirma que esses acontecimentos são resultado da visão do chefe de Governo para a diplomacia cabo-verdiana.
“Durante esses quase 5 anos Cabo Verde registou momentos que nada engrandeceram o nome do país, além de porem em causa a própria imagem de Cabo Verde. Mas toda política externa levada a cabo por esta governação teve total apoio do primeiro-ministro que, vezes sem conta, veio ao público justificar as ações do seu anterior Ministro de Negócios Estrangeiros e justificar as ações do Governo”, argumenta a líder do maior partido da oposição.
Janira Hopffer Almada questionou igualmente o dossiê da candidatura de Cabo Verde à CEDEAO e classificou o caso envolvendo o cônsul honorário na Florida como escândalos na democracia em Cabo Verde.
Por sua vez, o líder da UCID afirmou que o país tem assistido a situações que devem levar a uma reflexão profunda deste sector. António Monteiro também pediu esclarecimentos sobre a detenção do empresário colombiano, Alex Saab, além da nomeação de Cesar do Paço para a função de cônsul honorário de Cabo Verde na Flórida.“A situação de Cabo Verde no processo de detenção do cidadão de nacionalidade estrangeira, Alex Saab, que fazia escala na ilha do Sal, precisa ser devidamente esclarecida a todos os cabo- verdianos e consequentemente à comunidade internacional e acima de tudo aos nossos vizinhos para se evitar possíveis leitores de ocasião capazes de prejudicarem Cabo Verde e a nossa população”, explica.
Em resposta, a líder parlamentar do MpD avançou que a política externa é mais do que os casos da presidência da CEDEAO e a nomeação de cônsules honorários.
Joana Rosa considera que esses processos não podem colocar em causa toda a diplomacia cabo-verdiana.
Por seu turno, o Primeiro Ministro, Ulisses Correia e Silva, falou sobre os ganhos da política externa e deu como exemplo a relação entre Cabo Verde e a União Europeia desde a introdução, em 2017, de novos eixos da parceria especial.
“E com resultados avaliados positivamente pela União Europeia, aumento do pacote financeiro do fundo europeu de desenvolvimento em 50 milhões de euros, 2016/2020, para além de vários apoios orçamentais extraordinários, dos quais destaco 12 milhões de euros para medidas preventivas do combate à covid-19 (…) redução da taxa de visto, possibilidade de obter um visto de múltiplas entradas, com período de validade mais longo (…)”, listou o primeiro ministro relativamente aos ganhos da política externa.
C/RCV