Tal como aconteceu em várias ilhas do país, também no Sal os agentes culturais da ilha juntaram-se em uma manifestação “silenciosa” apelando por mais atenção à classe e pela reabertura gradual das atividades culturais.
A manifestação na ilha, seguida de uma caminhada, foi encabeçada pelo DJ e organizador de eventos, Sandir Palavra, que em entrevista à Inforpress disse que a classe na qual se insere não teve apoio do Governo desde o início da pandemia e que tiveram de encontrar formas para se sustentarem.
“Não tivemos qualquer apoio ou auxílio do Governo. Ninguém se interessou ou procurou saber como é que estamos. Somos pais e mães de família, muitos com problemas graves de sobrevivência”, elucidou o DJ, ressaltando que o Governo teria tomado algumas medidas, mas em momento algum ouviu a classe afetada.
“Se não trabalharmos, não poderemos pagar as nossas contas, assumir as nossas responsabilidades, pôr a panela ao lume… ninguém dá conta disso. Cada um vai-se desenrascando como pode. Muitos de nós estão a passar por grandes dificuldades mesmo”, continuou Sandir Palavra.
Medo
O organizador de eventos desabafou também sobre a atuação e a forma de abordagem das autoridades, Polícia Nacional (PN) e Inspecção-Geral das Actividades Económicas (IGAE), que tem provocado um “clima de medo” na população.
“Aqui no Sal, por exemplo, estamos com medo das autoridades, da abordagem da polícia, da IGAE… até parece que somos nós os principais transmissores da covid-19”, disse.
Em entrevista ao A Nação, Sandir Palavra garantiu que o próximo passo é esperar por um pronunciamento do Governo de Cabo Verde e que seja estabelecido o diálogo entre as partes.
“Agora vamos aguardar e esperar que o Governo se posicione. Esperamos que eles estabeleçam um diálogo connosco. Não queremos perder mais do que já perdemos nestes 10 meses”, conclui.
O evento teve espaço na pedonal da cidade de Santa Maria e contou com a participação de músicos, DJ’s, produtores de eventos, entre outros artistas.
C/ Inforpress