“Especial e orgulhoso” é assim que Kelven Patrick Andrade Tavares, ou “Bartu”, como prefere ser tratado, se define por ter nascido, precisamente, a 13 de Janeiro de 1991, dia da Liberdade e da Democracia. Na Várzea, nasceu, viveu e estudou; hoje, emigrado em Portugal, recorda com saudades a infância e a adolescência nesse emblemático bairro da cidade da Praia.
Sinto-me muito especial e abençoado por ter nascido no dia e no ano em que, pela primeira vez, os cabo-verdianos foram às urnas para exercer o seu direito de voto. Um dia muito importante para o meu país, e isso deixa-me muito orgulhoso, saber que faço parte de uma conquista que marcou a vida de todo o povo cabo-verdiano”, declara Bartu.
Nascido e criado na Cidade da Praia, Kelven Patrick recorda com saudades os detalhes da sua infância vividos na Várzea, onde também começou os seus estudos secundários no Liceu Cónego Jacinto.
“Estudei no Liceu Cónego Jacinto e fui terminar os meus estudos em Lisboa e foi lá que fiz a minha formação no Grupo Salvador Caetano (Toyota) e agora sou formado em mecatrônica automóvel. Neste momento trabalho no supermercado Dia, onde sou o terceiro chefia de loja”, relata Kelven relativamente ao seu percurso académico e profissional.
Kelven Tavares é solteiro e tem dois filhos, uma menina de oito anos e um rapaz de quatro, ambos nascidos em Portugal. Diz que sempre que pode procura informar os filhos sobre Cabo Verde, “para que não se esqueçam das suas origens”. Neste momento, a sua ambição é de “ter casa própria e conhecer o mundo”.
A democracia em Cabo Verde
Conceptualmente, a democracia é conhecida como o regime político que permite aos cidadãos o pleno exercício dos seus direitos e possibilita os países a alcançarem o desenvolvimento social e económico. Porém, na visão Kelven Tavares, a “união” entre as ilhas e entre os cabo-verdianos é o que tempera e dá um toque diferente ao actual regime de Cabo Verde em relação ao dos outros países.
“O que destaca a democracia em Cabo Verde é a união entre os cabo-verdianos, porque, apesar de tudo, somos um povo lutador, que conhece a nossa história, as nossas batalhas e conquistas, somos unidos, e é isso que nos diferencia dos outros”, declara.
A celebração do 30° aniversário das primeiras eleições livres e pluralistas de Cabo Verde leva Kelven Andrade a apontar algumas arestas que considera necessárias de serem limadas por forma a melhorar o país. E a ponta a governação, a corrupção, a ganância e o egoísmo… “Já venderam quase tudo em Cabo Verde”, lamenta também.
No entanto, apesar das críticas que possa ter, Kelven afirma que valeu a pena o 13 de Janeiro, por ter dado voz ao povo e gerar novas oportunidades a todos. “Com a democracia, o povo tem voz e todos podemos lutar e mostrar o nosso rosto e a nossa preferência, a partir dos votos para eleger melhor quem vai governar o nosso país. Para mim, e não só, isto é, para todos os cabo-verdianos conscientes, com certeza, que este é um dia especial e sem igual”, conclui.
Estagiária
(Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 698, de 14 de Janeiro de 2021)