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Covid-19

Pode estar iminente estado de calamidade em São Vicente

O delegado de saúde local já apelou ao estado de calamidade em São Vicente, medida, a seu ver, fundamental para travar o alto nível de transmissão registado na ilha no momento. O Governo, a quem cabe esta decisão, ainda não se pronunciou. Até esta terça-feira, 12, a ilha acumulava 198 casos activos e 11 óbitos.

 Vários factores podem estar na origem deste boom de casos positivos em São Vicente. As autoridades sanitárias apontam a vida nocturna que se vive no Mindelo, bem como as comemorações de Natal e final de ano. Prova disso é facto de haver casos onde um grande número de infectados é diagnosticado no seio de uma mesma família e até de grupos de amigos, o que mostra que houve actividades sem proteção e desrespeito pelas normas sanitárias vigentes. Em muitos casos, especifica, são detectados 10, 15 casos numa mesma família.

  O delegado de Saúde aponta ainda as aglomerações no Centro de Estágio para a realização de testes. As pessoas não cumprem os horários estabelecidos para cada tipologia de testes. Mesmo tendo o teste marcado para as 12h, chegam as 8h da manhã. Por isso, a Delegacia de Saúde passou também a fazer testes e já está a identificar outro local para os testes de pessoas contactos de casos positivos.

 Os testes PCR para viagens internacionais também triplicaram nos últimos dias: mais de 50 por dia. A todos estes factores se junta o facto de se estar numa ilha com transmissão comunitária e que continua a receber pessoas de vários pontos do país.

Entretanto, a quem não se esqueça de apontar as aglomerações nas entradas de estabelecimentos comerciais, especialmente por altura do Black Friday no final do mês de Novembro, das filas a entrada das instalações das alfândegas durante o mês de Dezembro, bancos, entre outras instituições públicas e privadas.  

 Para Elísio Silva, apesar desta ser uma decisão do Governo, a única forma de combater o avanço do vírus na ilha é decretar o estado de calamidade e, de alguma forma, fazer com as pessoas fiquem o maior tempo possível nas suas residências, por um período de 10 dias há duas semanas. “Só assim conseguiremos diminuir as festas que tem vindo a acontecer em todos os lugares”, defende, assinalando que o foco de transmissão no momento é “alto”.

Dados apresentados esta terça-feira, 12, mostram que a ilha registou 220 casos positivos e dois óbitos na semana de 4 a 10 de Janeiro. Até o domingo tinha 2018 casos activos e 11 óbitos, estes últimos que representam menos de 1% da taxa de letalidade, portanto, “muito abaixo do padrão internacional”.

Todas as localidades afectadas

Por ser uma ilha muito “junta”, já há casos positivos em toda a sua extensão. Por este motivo, Elísio Silva prefere não falar das localidades mais afectadas, já que o combate deve ser pensado num panorama geral.

“Todos os centros de saúde estão a trabalhar na investigação e seguimento dos casos nos respectivos bairros, com equipas multidisciplinares, compostas por médicos, enfermeiros, epidemiologistas, assistente social, psicólogos, entre outros”, explica.

Neste momento, sete pessoas estão hospitalizadas, 44 estão isoladas no Centro de Estágio e 172 em isolamento domiciliar obrigatório. Contando casos suspeitos e contactos de casos positivos, são cerca de mil pessoas em quarentena domiciliar. A ilha já registou um total de 1112 casos, dos quais 903 já estão recuperados e 11 foram a óbito. O último, registado no domingo passado, trata-se de um caso externo de uma pessoa de Pedra Rolada, que morreu a caminho do hospital após uma crise de asma.

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