O ministro dos negócios estrangeiros Luís Filipe Tavares diz-se de consciência tranquila e que agiu sempre de “boa fé” em relação à nomeação do empresário português, César De Paço, para Cônsul de Cabo Verde na Florida. Foi contudo, depois de considerar sobre informações “adicionais” postas a circular (referindo-se certamente à reportagem da SIC que liga De Paço à Extrema Direita e ao partido Chega), e para poupar Cabo Verde a uma “crispação adicional” e “desgaste” que decidiu pedir a sua exoneração.
Em Comunicado, Tavares quebra o silêncio apôs a sua demissão, devido à polémica levantada pela referida reportagem do canal português SIC, ontem à noite, que veio pôr a nú as ligações De Paço à Extrema Direita portuguesa, como um dos principais financiadores do partido Chega, liderado por André Ventura.
“Na escolha do Dr. DePaço para cônsul honorário em parte da Florida estive sempre de boa fé, baseando-me no facto de ter sido cônsul honorário de Portugal por vários anos, de ser uma pessoa bem colocada e considerada na sociedade americana e de pretender investir em Cabo Verde tendo os recursos próprios necessários. Baseei-me também nas informações a respeito do mesmo obtidas de fontes independentes e credíveis”, argumenta o ex-ministro dos negócios estrangeiros de Cabo Verde.Luís Filipe Tavares escreve ainda que não inquiriu, “nem poderia inquirir, sobre as simpatias políticas do Dr. DePaço no contexto americano e português, guiado pela inabalável crença na liberdade de escolha político- partidária que deve ser reconhecida a todos os cidadãos, sem qualquer distinção”.
Para além do mais, prossegue, “é minha firme convicção que tais simpatias são irrelevantes no critério de escolha de cônsules honorários ou qualquer outro cargo, sendo também certo que Cabo Verde não deve imiscuir-se nas questões partidárias de outros países, nem permitir que tais questões interfiram nas suas escolhas, do mesmo modo que não aceita a interferência de partidos políticos estrangeiros nas questões internas do país”.Para o diplomata, “a prova cabal da probidade do Dr. DePaço foi o exequatur que lhe foi concedido pelas autoridades americanas”.
“Tal facto, não me suscitou a necessidade de indagações suplementares. Estou de consciência tranquila dada pela convicção que, neste caso e noutros, procurei sempre fazer o meu melhor para servir Cabo Verde”.Mas, conforme o Comunicado, Tavares diz que , “considerando, porém, informações adicionais e recentes postas a circular, sem fazer qualquer juízo de valor sobre o seu mérito e ainda imbuído do espírito de poupar a Cabo Verde a crispação adicional e o desgaste que resultam das eventuais repercussões políticas negativas, não poderia ter outra atitude que não fosse a de requerer a S.Exa o Primeiro- ministro a minha exoneração do cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades e de Ministro da Defesa”.
Recorde-se que Luís Filipe Tavares pediu demissão na manhã desta terça-feira, 12, e que a mesma foi prontamente aceite pelo Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.Gisela Coelho