Esta sexta-feira, 08, um grupo de alunos do curso de Ciências da Comunicação procurou a imprensa para denunciar “abandono” e “descaso” por parte da instituição, devido às notas congeladas e falta de professores. No mesmo dia, seguranças barraram a entrada de alunos em situação irregular. A universidade garante que houve aviso prévio desde o início do ano lectivo.
De acordo com a porta-voz do grupo, Ângela Pinto, trata-se de um acto de “vingança” e que agora afecta outros alunos, que não estiveram envolvidos na denúncia.
“Não faz nenhum sentido barrar-nos a entrada. Nós temos a propina do terceiro ano completamente paga e mesmo assim as nossas notas estão congeladas. Nos barraram a entrada porque ainda não pagamos nenhuma mensalidade do quarto ano, por um serviço que não nos é prestado, pois não temos professores”, explica a aluna, que diz que apenas dois colegas foram autorizados a assistir à aula, ministrada ontem pela administradora da universidade.
Por outro lado, diz Ângela Pinto, há alunos que estão a ter aulas todos os dias e que, inclusive, esta sexta-feira,8, teriam aulas de preparação para testes, a serem aplicados na segunda-feira.
“Mesmo que quisessem barrar os alunos por falta de pagamento de propinas, deveriam entregar um aviso prévio, antes de tomar uma decisão dessa natureza”, considera.
Universidade reage
De recordar que a administradora da ULC, na sequência de denúncia de abandono, reconheceu, que a escola não tem conseguido contratar professores em várias disciplinas e garantiu que as aulas com esta turma em específico teriam início no mesmo dia.
Segundo Lenilda Duarte, a falta de professores é derivada, por um lado, das dívidas da instituição com o corpo docente e, por outro, por se tratar de uma área muito específica, onde nem todos os profissionais possuem o grau de licenciatura exigido para dar aulas.
Esta responsável apontou ainda a irregularidade de pagamento das propinas como factor determinante para que a escola não consiga ter uma renda fixa mensal, motivo pelo qual adotaria o pagamento semestral dos professores.
Já no que toca à proibição de entrada dos alunos com situação irregular, Lenilda Duarte garante que a escola tem feito circular vários comunicados, afixados na instituição e que antecedem o início das aulas, refutando assim a acusação de que não houve aviso prévio.
“A universidade, inclusive, fez uma comunicação interna a permitir aos alunos que fizessem a inscrição sem que tivessem o valor total, para que pudéssemos ter a noção de quantos alunos estavam inscritos e contratar os professores”, esclarece.
Com as aulas iniciadas a 16 de Novembro, diz, deveriam ter sido pagas duas prestações mensais.
“A universidade emitiu um comunicado a solicitar aos alunos que regularizassem, pelo menos, uma mensalidade”, garante.
Esta medida mais severa, explica, surge após a escola ter tentado de várias outras formas colmatar as falhas que tinha a nível da cobrança, incluindo uma série de benefícios aos alunos no sentido de continuarem os seus estudos.
“Temos vários casos de alunos que entram em acordos com a universidade e pagam a propina no final do ano lectivo ou durante o verão. A universidade tem uma série de políticas que facilita a continuidade dos alunos na escola e, infelizmente, estas políticas, nos anos lectivos anteriores, redundaram a uma situação financeira bastante precária”, explica.
Lenilda Duarte garante ainda que a aula desta sexta-feira,8, foi dada para os alunos que estavam em situação regular, no caso dois, de quatro no total.
Dos alunos que participaram na conferência de imprensa, diz, apenas uma aluna encontra-se em situação regular, um aluno não está inscrito neste ano lectivo e outras duas não tem qualquer mensalidade paga neste semestre.
Desde o ano passado, termina, os alunos foram informados de que só teriam acesso aos conteúdos se estivessem em situação regular. Uma medida que, segundo diz, não foi cumprida por grande parte dos professores e que agora se faz valer desde a portaria.