A administradora da Universidade Lusófona de Cabo Verde reconhece que a escola tem tido dificuldades na afectação de docentes em algumas disciplinas, sendo um dos motivos o não pagamento de salários dos anos lectivos anteriores. Entretanto, garante que a instituição já está a trabalhar numa solução e que as aulas para os alunos do curso de Ciências da Comunicação arrancam hoje.
Lenilda Duarte reage assim às denúncias dos alunos do quarto ano do curso de Ciências de Comunicação daquela instituição de ensino superior, apresentadas esta manhã, em conferência de imprensa, no Mindelo, e tratados também por este online.
“Os alunos têm razão, nós temos tido alguma dificuldade em afectar professores para algumas disciplinas. A universidade não conseguiu cumprir com o pagamento nos anos lectivos anteriores, o que impediu de ter docentes atempadamente”, explicou, em declarações à imprensa.
Por outro lado, acrescentou, o problema deve-se também à falta de docentes que se enquadram nos requisitos obrigatórios. “É uma área muito específica e nós temos vários profissionais que, trabalhando na área, não detém o grau de licenciatura, o que dificulta essa afectação de docentes”.
Não obstante este impasse, a administradora garante que, neste momento, algumas disciplinas já têm docentes e que as aulas só não começaram desde a quarta-feira, por alguma situação pontual com os professores.
“Eu mesma tenho uma aula com estes alunos hoje e, a seguir, terão aula com um professor do Brasil, na plataforma Teams”, especifica, sublinhando que é um problema transversal a outros cursos.
Para evitar o aumento da carga horária dos alunos, a instituição pretende aumentar a disponibilização de conteúdos em uma plataforma online, para que tenham a parte teórica completamente coberta. Já as aulas práticas e de laboratório devem decorrer normalmente, nas salas de aula.
Pagamento de docentes
Segundo explica a mesma fonte, a escola não reúne as condições para efectuar pagamentos mensais, situação causada também pela irregularidade no pagamento das propinas dos alunos, o que impede a instituição de gerar receitas fixas.
Neste sentido, decidiu pelo pagamento semestral, que é o tempo necessário para planificar as despesas do semestre e obter o valor.
“Nos já temos uma listagem dos docentes, do grau académico e dos valores envolvidos neste semestre. Neste momento estamos com uma parceria muito mais acirrada com o Grupo Lusófona, já têm sido disponibilizados capitais para o pagamento de acordos estabelecidos com professores para liquidação das dívidas e já há também uma verba para o pagamento dos valores semestrais, caso as receitas não consigam abarcar com todos estes valores”, acrescentou.
Notas congeladas e declarações administrativas
Quanto à acusação de que a universidade tem vindo a passar declarações de notas “falsas”, Lenilda explica que “as declarações de nota não são falsas”, mas fruto de um protocolo com a FICASE e com a Direcção Geral do Ensino Superior, destinados aos alunos bolseiros, para não correrem o risco de perder a bolsa de estudos.
“O acordo implica dar notas administrativas para não ficarem prejudicados, mas depois repor as declarações de forma correta, após a liquidação de dívidas com os professores”, ou seja, as notas são passíveis de edição, assim que a situação estiver regularizada.
A administradora reconhece que a universidade passou por “uma fase complicada”, mas diz que está a ter melhorias, recordando que uma das fontes desses problemas era a liderança local. “Não há risco de fechar as portas”, tranquilizou.