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Congresso dos EUA valida triunfo de Biden e Trump aceita transição

O Congresso dos Estados Unidos ratificou, esta quinta-feira, o resultado das eleições de 3 de novembro, e o presidente cessante Donald Trump finalmente comprometeu-se com uma “transição ordeira” do poder para o presidente eleito, Joe Biden.

Esta decisão do Congresso vem na sequência de um dos dias mais convulsivos da história dos Estados Unidos marcado por quase quatro horas de ataque de partidários de Trump, que, ontem, quarta-feira, marcharam em direção ao Congresso por instigação do próprio presidente cessante.

Diante dos danos à sede da Câmara dos Deputados e de cerca de quatro mortos, bem se pode dizer que o Congresso que acabou por validar a vitória de Biden não foi o mesmo que havia reunido catorze horas antes para começar a contar os votos eleitorais de cada estado nas eleições de novembro.

Pence confirma Biden como vencedor

“Para aqueles que desencadearam o caos no nosso Capitólio hoje (quarta-feira): vocês não venceram. A violência nunca vence”, disse o vice-presidente cessante dos Estados Unidos, Mike Pence, quando a sessão conjunta do Congresso e da Câmara dos Representantes foi retomada na noite de ontem, quarta-feira.

Depois de mais de sete horas, altura em que a sessão foi concluída, Pence, que nos últimos quatro anos foi o vice de Trump, declarou a derrota de ambos nas eleições de 3 de novembro e a vitória de Biden e da vice-presidente eleita, Kamala Harris.

“Este anúncio deve ser considerado uma declaração suficiente de quem são as pessoas eleitas como presidente e vice-presidente dos Estados Unidos”, disse Pence após 03h40 em Washington (08:40 GMT).

Trump promete uma “transição ordenada”

Imediatamente depois, Trump distribuiu um comunicado no qual prometia “uma transição ordeira a 20 de Janeiro”, quando Biden chegar ao poder, sem contudo deixar de manifestar novamente a sua “discordância total com o resultado das eleições”.

“Eu sempre disse que continuaríamos a nossa luta para garantir que apenas os votos legais fossem contados. Embora isso represente o fim do melhor primeiro mandato da história presidencial, é apenas o começo da nossa luta para Tornar a América Grande Novamente” afirmou Trump, citando o seu lema eleitoral.

A declaração de Trump, postada no Twitter pelo seu assessor de comunicação, Dan Scavino, foi, provavelmente, aquela em que ele está mais próximo de admitir a sua derrota, algo que prometeu aos seus seguidores de que “nunca” fará.

O fim de um processo mais longo do que o habitual

A ratificação pelo Congresso da vitória de Biden encerrou um processo eleitoral que começou no dia da eleição, 3 de Novembro, e deveria ter sido concluído quando o Colégio Eleitoral – órgão competente na matéria nos Estados Unidos – confirmou a vitória de Biden, a 14 de Dezembro.

A sessão conjunta do Congresso e da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos está prevista na Constituição como um mero procedimento cerimonial para corroborar que todos os estados transmitiram seus resultados a Washington conforme os ditames da lei.

No entanto, Trump, numa postura tida como totalmente antidemocrática, insistiu em pressionar os seus aliados no Congresso e o próprio Mike Pence a interferirem na sessão do Congresso.

Aliás, o próprio Pence adiantara, antes do início da reunião de quarta-feira, que não estava disposto a satisfazer os desejos de Trump, quebrando assim a lealdade incondicional que lhe demonstrou nos últimos anos, dada a impossibilidade de agradar a Trump sem violar a Constituição.

No entanto, uma centena de congressistas republicanos na Câmara dos Representantes e quase uma dúzia de senadores entraram no jogo de Trump e conseguiram desencadear um debate sobre a possibilidade de não contar o resultado das eleições no importante Estado do Arizona, onde ele venceu Biden. Tanto assim é que, quando os partidários de Trump atacaram o Capitólio, os legisladores estavam a discutir sobre a contestação dos resultados no Arizona.

Uma outra objeção semelhante foi o caso da Pensilvânia que gerou um debate de duas horas na sessão plenária da Câmara Baixa, mas finalmente também fracassou, tal como aconteceu no Senado.

Uma “mancha inapagável” no Congresso

A revolta dos partidários de Trump no Capitólio dissuadiu pelo menos três senadores republicanos de seguir em frente com o plano de apoiar a contestação em vários estados-chave, e ninguém na Câmara Alta levantou objeções aos resultados na Geórgia, Michigan, Nevada ou Wisconsin, conforme planejado originalmente.

O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, opôs-se à tentativa dos seus colegas de questionar o resultado das eleições na sessão e pediu que o processo ocorresse sem problemas após a “insurreição fracassada” no Capitólio

Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, foi mais duro ao resumir um dia infame, culpando Trump pelo caos que resultou no que deveria ter sido um mero trâmite.

“Isso será uma mancha no nosso país, que não será facilmente apagada. A última (amostra) do terrível e indelével legado do 45º presidente dos Estados Unidos, sem dúvida o pior que já tivemos”, disse Schumer no plenário do Senado.

C/Agências Lusa/Reuter/AFP

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