O decreto Presidencial de Julho de 2020, que nomeia Francisco Tavares para o cargo de embaixador de Cabo Verde em Abuja, na Nigéria, fica sem efeito. O Governo recuou e agora vai nomear um diplomata de carreira para essa missão diplomática, que também engloba a CEDEAO.
O ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades disse hoje, em conferência de imprensa, que o Governo mudou de estratégia em relação ao embaixador antes nomeado para ser um “diplomata de carreira e experiente”.
“Decidimos enviar para Abuja [na Nigéria] um diplomata experiente nas lides comerciais e negociações internacionais”, disse o chefe da diplomacia cabo-verdiana, justificando a decisão do Executivo, pelo facto de a dinâmica das negociações ter sido “muito forte” e, portanto, com “desenvolvimentos muito rápidos e permanentes”.
Para Luís Filipe Tavares, um outro motivo que está na mudança da decisão do Governo em relação ao diplomata a enviar para a Abuja, tem a ver com a necessidade de se ajustar a “estratégia política para a integração regional de Cabo Verde na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e, consequentemente, na grande zona de comércio continental, que entrou e vigor em Janeiro”.
Contudo, conforme uma notícia avançada por Santiago Magazine, em Agosto do ano passado, Francisco Tavares está acusado de, enquanto presidente da Mesa da Assembleia Geral da ADS, ter tomado decisões ilegais que lesaram esta empresa pública em avultadas quantias, tendo sido, por isso, colocado sob Termo de Identidade e Residência. Mesmo assim, o ex-autarca de Santa Catarina foi nomeado embaixador, o que, para certos observadores, é “grave, escandaloso e absurdo”, porquanto “desautoriza o Ministério Público, humilha a classe dos diplomatas e envergonha Cabo Verde no concerto das Nações”.