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Educação

Trabalham noutras ilhas: Professores descontentes com não-autorização de “regresso à casa” nas “férias” de natal

Professores que trabalham fora das suas ilhas dizem inconformados com as Delegações do Ministério da Educação que não lhes autorizaram “regressar à casa” na interrupção lectiva do fim do primeiro semestre, sobretudo para passar a época natalícia com os seus familiares.

Um professor santiaguense que trabalha no Fogo explicou ao A NAÇÃO que a delegação da ilha tem negado a guia de autorização para os professores que pretendem passar o natal nas suas ilhas. “Eles não querem passar o guia para nos ausentarmos e dizem que não podemos ir sem a justificação. E ainda, fazem ameaças de que se deslocarmos sem esta autorização, que as responsabilidades serão nossas e que eles irão levantar um processo contra nós”, conta o nosso entrevistado em anonimato.

Segundo este docente, as reclamações têm surgido na maioria das ilhas uma vez que são vários os professores a trabalhar “longe de casa” com vontade de regressar. “São muitos professores nesta situação, nas ilhas da Boa Vista, São Nicolau, Sal e outras. Nós temos a nossa família e queremos passar o natal com eles. Estamos fora de casa desde o mês de Agosto e não queremos regressar só em Julho, praticamente um ano depois”, protesta.

Um outro professor que trabalha na ilha da Boa Vista diz que esta interrupção “não é nem por causa da Covid-19 porque isso já vem acontecendo há alguns anos” e que “não há nenhuma justificativa plausível por parte da delegação escolar da ilha”.

“Dizem que devemos ficar para caso houver algum trabalho. Nós pedimos esta autorização quando sabemos que já cumprimos com as nossas responsabilidades. Se temos até o dia 23 para entregar todas as notas e ter tudo pronto porque não regressamos às nossas ilhas e passar o natal com as nossas famílias nos restantes dias de férias?”, questiona.

Diante do que consideram uma “injustiça” estes e outros docentes na mesma situação dizem que pretendem regressar às suas ilhas com ou sem a “autorização” da delegação escolar uma vez que “o estatuto do professor não proíbe a saída desde que não haja nenhuma formação”.

“Solicitamos esta autorização da parte deles porque o correto é deslocarmos com a situação regularizada. Não vamos deixar que eles nos dificultem a vida porque conhecemos os nossos direitos”, termina o entrevistado na ilha do Fogo.

SINDPROF apela mais humanismo

Entrou também neste protesto o Sindicato Democrático dos Professores (SINDPROF) que através da sua página no facebook, apelou ao Ministério da Educação, através das delegações, “um olhar mais humano para estes professores que estão há cerca de três meses longe dos seus familiares, e que lhes autorize a viajar para as suas ilhas para passar as festas natalícias” mesmo sabendo dos riscos com a pandemia e que a interrupção lectiva não se trata de férias.

Delegação da Boa Vista responde

O A NAÇÃO contactou algumas delegações escolares para esclarecimentos e destes, conseguiu uma resposta na ilha da Boa Vista. Segundo a delegada da ilha, Risandra Gabriel, este protesto não tem razão de ser uma vez que “as férias para os professores são somente em Agosto e não em Dezembro”.

“A interrupção lectiva de Dezembro não é férias e é direccionada aos alunos. Os professores nesta altura estão a trabalhar na avaliação. E mesmo com o prazo de entrega das notas no dia 23, ainda não o fizeram porque estão todos em reunião” garante ao A NAÇÃO.

Risandra Gabriel esclarece ainda que o atraso das reuniões de nota deve-se ao problema no Sistema Integrado de Gestão Escolar (SIGE) causado pelo ataque cibernético à rede do Estado que ainda não estabilizou desde o acontecido.

Apesar da situação, Risandra garante que os professores que tem que ausentar por problemas de saúde ou qualquer outra justificativa plausível, não estão tendo nenhum impedimento.

A mesma esclarece ainda que “com o parecer do director do agrupamento onde o professor trabalha, dando conta de que este professor já terminou o seu trabalho e tem todas as notas prontas a delegação não tem qualquer problema em passar a guia de autorização para a sua saída”, finaliza.

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