Os jogadores da selecção nacional de andebol estão ainda à espera do “reconhecimento” do Governo, após o inédito apuramento para o campeonato mundial em seniores masculinos. A menos de um mês para o arranque do Mundial, que se realiza no Egipto de 13 a 31 de Janeiro, o capitão desabafa, lamentando a falta de valorização desses atletas que já fizeram história.
Capitão da selecção nacional de andebol, Leandro Semedo lamenta a falta de valorização dos atletas que fizeram história na sua primeira participação no Campeonato Africano das Nações (CAN), em Janeiro de 2020, onde foram considerados a equipa sensação da 24.ª edição do torneio. O combinado nacional terminou a competição no quinto lugar, o que garantiu a sua qualificação inédita para o mundial da modalidade. Agastado, Leandro Semedo chegou a desabafar que ele e alguns jogadores chegaram a pensar em não participar no mundial por falta de apoio e valorização das autoridades nacionais, quando comparados com outras modalidades, em particular o futebol.
Agora, em entrevista ao A NAÇÃO, Semedo conta que no estágio realizado em Novembro, em Portugal, a comitiva observou melhorias e admite que ele e companheiros mudaram a perspectiva. “É a primeira vez que, em ternos de modalidades colectivas, Cabo Verde coloca uma selecção num mundial”, frisou o atleta. O Governo fez saber que o plano de participação de Cabo Verde no mundial de andebol está orçado em 24 mil contos, com as autoridades a prometerem todas as condições para que a equipa nacional esteja à altura da prova. “Seria mau se o Governo não nos apoiasse, assim como ir em más condições para um mundial”, deixa saber.
Expectativas nas “terras do Faraó”
O campeonato do mundo de andebol sénior masculino está previsto entre os dias 13 e 31 de Janeiro de 2021, no Egipto. Na primeira fase, os três melhores de cada um dos grupos seguem para a segunda fase. Cabo Verde que tem como meta a passagem à fase seguinte da competição, está inserido no “Grupo A”, encabeçado pela selecção alemã, três vezes campeã do mundo. O grupo é ainda integrado pela Hungria, com um vice mundial, e pelo Uruguai. “É verdade que estamos num grupo com duas selecções do “top” cinco mundial, que são a Alemanha e a Hungria, porém esperamos passar para a próxima fase no terceiro lugar. Por aquilo que temos observado, a selecção do Uruguai é uma equipa que podemos vencer e brigar pela qualificação”, admite o capitão da selecção nacional, que afasta a pressão da primeira participação de sempre de Cabo Verde na maior competição de andebol a nível mundial. “É uma competição na qual vamos participar pela primeira vez e iremos desfrutá-la ao máximo. Os rapazes estão muito motivados porque, ao fim ao cabo, é um sonho que está a tornar realidade”, Leandro Semedo. “O nosso principal objectivo é chegar à fase seguinte, depois, tudo pode acontecer”. Conforme Semedo, a selecção nacional não terá grandes dificuldades em estudar os adversários europeus, no caso a Alemanha e a Hungria, uma vez que é relativamente “mais fácil” de se encontrar vídeos dos seus jogos para serem estudados. Já o Uruguai, pelo contrário, “não é tão simples” encontrar material para análise. A selecção nacional parte para o segundo e último estágio antes do mundial no próximo dia 26 Dezembro, de novo em Portugal, na cidade da Nazaré.
(Publicado na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 693, de 10 de Dezembro de 2020)