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Cultura

A voz de “Bo ê Nha Mor”: Bela prepara regresso à música após 13 anos

Fez sucesso no início dos anos 2000 e viveu cinco anos de uma carreira promissora. Porém, problemas pessoais e de saúde obrigaram-na a uma pausa, que se estendeu por 13 anos. Com saudades dos tempos de palco, Bela está pronta para soltar novamente a voz de grandes hits como “Bo ê Nha Mor” e “Perdida”. 

Durante o mês de Novembro decorreu a campanha “Ajuda Bela a se relançar no mundo da música”, promovida pela filha da artista, Eveline, e lançada na plataforma Gofundme. Como o nome já dizia, a acção tinha por objectivo reunir fundos para trazer Bela de volta aos palcos e aos estúdios. 

A meta era angariar seis mil euros, montante necessário para a gravação de duas músicas e respectivos videoclipes. A campanha não chegou a alcançar a metade deste valor. Ainda assim, a cantora já tem viagem marcada para Portugal, onde deve iniciar os trabalhos para o seu retorno à música. 

Bela também já conta com o apoio de alguns colegas do ramo, como é o caso de Garry, seu conterrâneo. 

“Assim que lançámos a campanha, Garry entrou em contacto comigo e ofereceu uma música pronta, apenas para colocar a minha voz e fazer o videoclipe. Foi um gesto muito bonito, pela qual sou imensamente grata”, expressou a artista, em entrevista ao A NAÇÃO.

Novo despertar

Após este interregno de 13 anos, Bela diz-se determinada a retomar e seguir a sua carreira. 

“Consegui voltar a olhar para mim e ver que a música faz parte da minha vida”, avança, enaltecendo o suporte da mãe e especialmente da filha, que tem sido uma grande impulsionadora deste retorno.

Para trazê-la novamente para a memória dos seus fãs, Beliana Evy começou a promover vídeos em directo no Facebook, onde ela e a mãe cantam temas autorais e de outros artistas de Cabo Verde. 

“Estávamos ainda no primeiro confinamento na França. As pessoas começaram a gostar e a pedir mais vídeos. Foi daí que partiu a ideia da campanha e, embora ela tenha terminado, pretendemos seguir com os vídeos, pois é uma forma de mostrar que o artista não se faz apenas no palco”, sublinha.

Kizomba e Funaná em primeiro lugar

Para já, Bela não pretende gravar um disco. O objectivo é investir em singles e projectar futuros concertos, quando o mundo voltar à normalidade, pós-covid-19. Para já, Kizomba e Funaná são os seus ritmos de eleição. 

“Há uns anos, os estilos de Kizomba e Zouk Love estavam diferentes. Logicamente que agora tenho de me adaptar, mudar um pouco o estilo, pois o artista canta para os fãs, para o público. Mas será algo que eu vou fazer com muito gosto”, perspetiva, avançando que já tem uma música gravada, que nunca foi lançada no mercado e que deve ser o pontapé de saída, com videoclipe novo. 

Ela também não tenciona compor as suas próprias músicas. “Não quero cantar letras escritas por mim, mas por artistas que têm estado mais activos no meio. Acho que é melhor começar desta forma”, explica. 

Para além dos estilos citados, Bela não descarta os ritmos do Afrobeat e Abro House. 

Quem é Bela?

Bela é natural do concelho de Tarrafal de Santiago. Começou a cantar aos seis anos, mas foi a partir de 2002 que a sua carreira decolou, após o lançamento do seu primeiro single, “Bo ê nha mor”.

Segundo conta, foi esta a música responsável por projectar o seu nome, dentro e fora de Cabo Verde, e que serviu como fonte de conhecimento, aprendizado e reconhecimento. 

Depois seguiram-se “Destino” e “Faz amor comigo” no mesmo ano, antes de, em 2003, gravar o primeiro álbum a solo: “Nha meigo”. 

Entretanto, depois deste álbum a sua actuação na música ficou limitada a alguns festivais. “Por fim veio um problema de saúde e me afastou completamente dos palcos. Fiz o meu último show em 2013, no Tarrafal”, recorda.

A artista está agora pronta para retomar o seu lugar na música, cantar e encantar Cabo Verde e o mundo uma vez mais.  

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