Cássia Soares, mais conhecida por Suzi é uma jovem empresária de 28 anos da Calheta de São Miguel, em Santiago, com um negócio de restauração consolidado. Tudo começou há quatro anos atrás e o percurso não foi fácil. Depois de terminar o secundário e sem condições financeiras para ingressar no ensino superior, a restauração acabou por ser a tábua de salvação.
Foi depois de trabalhar num restaurante, que Suzi se questionou, porque não ser dona do seu próprio negócio? Apesar de residir em Achada Portinho, na Calheta de São Miguel, é na zona de Veneza, onde tem o seu negócio de restauração, que passa a maioria do tempo. Este foi o primeiro restaurante da zona.
O início, lembra, foi complicado, mesmo “txeu mariado”. Primeiramente, a maior dificuldade a enfrentar na criação do próprio negócio foi a questão financeira. É que Suzi recorda que trabalhou por mais de três anos para conseguir juntar a quantia suficiente para quitar dívidas com os fornecedores, de água e eletricidade, da casa do pai, onde instalou o negócio, para só depois dar início ao seu “empreendimento”.
Suzi teve de trabalhar por três anos e seis meses em Edu Horizonte, empresa do setor de hotelaria e restauração na Calheta e chegou a vender de porta em porta para poder abrir o próprio negócio, “não foi fácil mas consegui”, afirma vitoriosa.
“Inicialmente comecei a funcionar apenas com um bar”, mas, como conta, a situação não estava fácil, “uma vez que servia apenas bebidas” e o lucro era pouco. “Mas, depois que comecei a fazer refeições e a situação só melhorou”, lembra orgulhosa.
Em termos de restauração, como é sabido, a pandemia da covid-19 obrigou a que se repensassem muitas coisas e o sector foi muito afectado. Suzi sentiu na pele esses efeitos.
“Prejudicou e muito, tenho compromissos que ficaram para trás. Tive de recomeçar como que do zero”, e, como diz, se “ka staba muto doxi bira margoz”, enfatiza a empresária no bom crioulo.
De “paraquedas”
Ter um negócio no ramo da restauração nunca esteve nos seus planos. “Com o 12º ano completo, filha de pobre, sem dinheiro para ingressar numa formação superior, então decidi abrir o meu próprio negócio”, recorda.
Apesar de ser uma área que apareceu como tábua de salvação, hoje reconhece que se encantou pelo sector. “Agora, se fizesse uma formação, de certeza que seria na área da restauração. É aqui que quero me manter e não vou trocar, por nenhuma outra. Caiu de paraquedas, mas ficou”.
Neste momento, a jovem empresária emprega mais uma pessoa e diz que gostaria de poder dar emprego a mais, mas, infelizmente, a conjuntura actual não permite, no entanto, já houve tempos em que empregava duas pessoas, “depende da época”.
Não desistir
Sabendo que existem muitas pessoas querendo abrir o próprio negócio e não o fazem por medo ou outras dificuldades, Suzi incentiva-as a que “não deixem que o medo os impeça de seguir em frente e lutar pelo que querem”.
E prossegue: “Sei que é impossível avançar sem ter dinheiro, mas mesmo assim, não desistam, pois existem associações que oferecem empréstimos, apesar de ser pouco é um começo”.
A abertura de um restaurante na localidade de Veneza, segundo Suzi, era uma necessidade há muito sentida pela população, tanto é que tem recebido um “feedback” bastante positivo, tanto dos clientes como dos moradores.
Suzi é pioneira ao abrir um restaurante naquela zona, completando neste mês de dezembro quatro anos de serviço. Apesar de terem surgido alguns concorrentes na área, Suzi encara como sendo algo normal. “Para mim é normal e cada um vai conseguindo aquilo que lhe é de direito”.
Apostar num serviço de qualidade, oferecendo variedades aos clientes, com um tratamento de qualidade, sempre com higiene, especialmente agora com as medidas de prevenção da covid-19, tem sido a estratégia desta empresária.