Em vez de fazer parar, a pandemia da covid-19 acelerou as coisas para se chegar àquilo que foi o projecto da Feira Nacional de Artesanato e Design de Cabo Verde (URDI). Como resultado, este ano, esse evento, com sede em Mindelo, tem carácter nacional, abrangendo todos os 22 municípios do país.
As declarações são do ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Abraão Vicente, que ontem fez o discurso de abertura oficial da feira, a decorrer de 25 a 29 de Novembro.
“Nós sempre projectamos a URDI como um evento com sede em Mindelo e que, com o tempo, poderia evoluir para um evento nacional. A pandemia, em vez de parar, acelerou este processo e este ano temos a cidade do Mindelo como centro e temos os restantes 21 municípios como co-patrocinadores, co-acolhedores e co-anfitriões deste grande evento”, congratulou o governante.
Um pontapé de saída para implementar este projecto através do qual, a partir do Mindelo, Cabo Verde vai ter uma rede de centros experimentais vocacionadas para a investigação ligada à arte e à cultura.
A primeira filial do Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design (CNAAD), sublinha Abraão Vicente, já foi construída na cidade do Porto Novo e a segunda já nasceu em São Miguel.
Nesta edição, diz o ministro, a feira também regressa àquilo que é a base do seu primeiro slogan: “contemporaneidade e tradição”. Uma forma, segundo diz, de reafirmar os princípios e a base deste evento.
“Nós queremos ter indústrias criativas com base no artesanato e no design, mas que o design beba do artesanato e o artesanato consiga renovar-se a partir de processos novos”, explica.
Para o MCIC, o tema escolhido para esta edição, “Equilíbrio – ecologia e criatividade”, é contemporâneo em todas as partes do mundo e se desdobra num cenário ideal.
“Vendo as obras que estão a concorrer para os prémios e vendo o nível de trabalho e de qualidade, Cabo Verde é a plataforma ideal, depois de celebrarmos os oceanos na semana passada, para celebrarmos a ecologia, o ambiente, a preservação e continuar esta luta constante de viver e habitar as ilhas no meio do Atlântico e continuar a usá-las de uma forma mais racional e que se adequa a aquilo que são os desafios do futuro”, especificou.
Outro ponto destacado é a “realização de um evento com base no intelecto e na criatividade dos cabo-verdianos”. Para o ministro, a URDI já não é um mero evento cultural, senão um movimento cultural, artístico, de afirmação de Cabo Verde através das artes, da cultura, do design e da vontade de elevar o design do artesanato.
Abraão Vicente termina com a garantia de que no início do próximo ano, no máximo até finais de Janeiro, Mindelo estará a celebrar a abertura do “maior centro de arte e cultura construído de raiz na história de Cabo Verde”.
Será um momento para homenagear os precursores deste processo de preservação, como Luísa Queiroz e Manuel Figueira, mas também artistas contemporâneos e que deixaram o seu legado no ramo como o caso de Alex Silva.