Por: José Valdemiro Lopes
Cabo Verde já deu passos significativos – a nível da Informática -, e, podemos hoje, afirmar que houve um equilíbrio entre os resultados obtidos e os objectivos fixado
Novidade tecnológica rima sempre com o progresso.
Nesta área, Cabo Verde está fazendo a sua “caminhada”, mas, se me permitirem, voltemos há 30 e poucos anos atrás, relembrando um artigo que publiquei, no ex-semanário “Voz di Povo”, nº 403, de 15 de Setembro de 1984, intitulado: ”Breves Conceitos sobre a Informática – Activo do 1º Centro Informártico da Praia”.
Naquele antanho, a Interne já existia, mas era a arma secreta utilizada na estratégia de comunicação militar, entre Berlim Oeste e o Exército Americano na Europa.
Relativamente ao corpo do artigo, acima mencionado, passamos a transcrever, a parte que nos interessa: “o domínio desta nova tecnologia que constitui a informática passa pela definição correcta do seu lugar no processo de desenvolvimento e pela necessidade de planificar a sua aplicação e de se dispor de homens capazes(…)”
“(…)A informatização constitui, hoje em dia, um conjunto de técnicas essenciais para o desenvolvimento económico e social, porque permite pôr à disposição dos responsáveis e decisores económicos, sociais e políticos, nos prazos oportunos, sob forma apropriada, com precisão operativa desejada, resultados, para tomadas de decisões judiciosas de gestão quotidiana, úteis na planificação e reorientação, se necessário for … (SIC)”(1)
Este país fez o seu percurso com ganhos visíveis e palpáveis, na área e em pleno século 21, era de comunicação e de transferência de tecnologia, as ciências das tecnologias de informação e de comunicação, robótica e inteligência artificial, são ferramentas essenciais para a nossa sociedade jovem sem recursos que assentou-se na área dos “Serviços”, esta nação economicamente dependente, tem de programar o seu desenvolvimento, utilizando correctamente estes instrumentos úteis na redução de incertezas e, por isso mesmo, indispensáveis.
Aposta na juventude
A melhor decisão, na presente conjuntura, será, sem duvida alguma, confiar e apostar na “Juventude Cabo-verdiana”, instalando, políticas proactivas e socializantes que estabelecem ou aperfeiçoem ganhos e conhecimentos socioeconómicos e outros, orientados para a necessária, inserção produtiva de jovens cabo-verdianos em todas as ilhas e é isto, precisamente, o essencial que nos faltava fazer, porque, devemos garantir, proteção socioeconómica, acesso ao conhecimento, saúde e bem-estar a todos os cidadãos, em todas as nove ilhas habitadas …papel e dever fundamental que tem de ser assumido pelo Estado, …que, no fim das contas, somos todos nós…
Os mecanismos de tomada de decisões, devem ser realmente descentralizados, tanto como na descentralização e atribuição de poderes, como, em insistindo no empoderamento e transferências de meios financeiros, para se assegurar e fortalecer o equilíbrio de direitos e deveres em todos os espaços-ilhas e regiões, que fazem parte integrante da nação cabo-verdiana (que é una e indivisível).
“Cabo Verde Digital”: uma iniciativa feliz
Para mim, foi boa, a decisão e vontade política, tomada pelo Governo central e em plena crise sanitária da pandemia de “Covid-19”, materializando a feliz iniciativa da criação e instalação da bolsa startup: “Cabo Verde Digital”-a plataforma que visa reforçar a comunidade ICT (Informática & Tecnologia de Informação e Comunicação), apoiando, pela primeira vez, em Cabo Verde, a criação do Ecossistema Digital, através da Formação e Empreendedorismo Tecnológico nestas ilhas, enquadrado numa Rede de Programas onde participam 33 Jovens Startups Cabo-verdianos, inseridos nos projectos e ações como: WebSummit; o Programa Academia de Código/Kode Verde, e o fundamental Programa Bolsa Cabo Verde Digital, entre outros.
O projecto global foi apresentado online, condição imposta, pela situação de emergencia sanitária de Covid-19, no dia 13-08-2020.
Para compreenderem melhor a minha satisfação, remeto-vos, de novo, para um artigo de há mais de 30 anos, que foi destaque na 1ª página do “Voz di Povo”, nº 40, de 01-09-1984: “Cabo Verde Ensaia os Primeiros Passos no Dominio da Informática” (2).
A matéria reportava a cerimónia de apresentação e entrega, pelo então secretário de Estado da Cooperação e Planeamento, ao director da ex-Empresa Pública de Abastecimentos (EMPA), do primeiro progiciel profissional, desenvolvido em Cabo Verde (da minha autoria), de automatização e gestão dos vencimentos dos trabalhadores.
Depois da demonstração pública do funcionamento do projecto, então, em condições técnicas limitadas, o Centro de Informática, independentemente deste processo, realizou, também, uma cadeia operacional de vários projectos, entre os quais: o tratamento do Recenseamento Geral da População e da Habitação de 1970 e 1980, resultando em análises gerais dos resultados no Relatorio Final; a par da criação do programa de Inquérito ao Consumo, inquéritos nutricionais e antropométricos para o Programa Alimentar Mundial e a Protecção Materno Infantil, entrada e exploração tecnológica dos Boletins do Comércio Externo dos anos 1983 e 1984, na Direcção-Geral das Estatísticas, entre vários outros.
Passos significativos
Cabo Verde já deu passos significativos – a nível da Informática -, e, podemos hoje, afirmar que houve um equilíbrio entre os resultados obtidos e os objectivos fixados.
Os caminhos andados, mais os resultados alcançados na Digitalização dos Serviços Administrativos e a aposta actual em Startups, emerge – é minha visão! -, a personalidade tecnológica cabo-verdiana, que está atingindo uma massa crítica de experiência e talento que, provavelmente, remodelará a estrutura democrática e mesmo económica e social, destas nove ilhas, num futuro proximo, graças à estrutura do poder tecnológico actual e das inovações dos próximos tempos, com a Geração 5 da Internet, e a exploração das áreas inovadoras da Robótica e da Inteligência Artificial.
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Bibliografia:
1) Voz Di Povo, nº 403, de 18 de Setembro de 1984; e
2) Voz Di Povo, nº 401, de 1 de Setembro de 1984.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 689, de 12 de Novembro de 2020
