A prevenção do cancro da próstata continua a ser negligenciada por muitos homens em Cabo Verde. O tabu existente em relação ao toque retal impede o diagnóstico precoce da doença que mais homens mata no país.
A necessidade de desconstruir os preconceitos do diagnóstico é a palavra de ordem na prevenção da doença.
A maioria dos casos de cancro da próstata, cerca de 75% dos casos em Cabo Verde, são diagnosticados na fase avançada e sem cura, segundo o Urologista do Hospital Agostinho Neto, Mário Frederico.
O diagnóstico tardio, é para este profissional, o maior problema enfrentado na luta contra a doença. O cancro de próstata é um dos tumores mais comuns entre os homens do país, com uma taxa de mortalidade de 22,2%, e a perceção segundo o Urologista é da existência de mais casos, sendo que os dados mais recentes ainda não foram atualizados.
Toque retal, o tabu que custa vidas
O tabu que envolve os meios de diagnóstico, nomeadamente o toque retal, impede o diagnóstico precoce do cancro da próstata. Muitos homens colocam em causa a masculinidade, criando alguma resistência ao diagnóstico.
“Infelizmente ainda existe algum tabu em relação à realização do toque retal, devido a questões socioculturais e a alguma desinformação, o que leva a uma certa resistência por parte de alguns homens a procurar os urologistas. Penso que a sociedade masculina ainda é um pouco conservadora no que toca a esse aspecto, pois têm a tendência de o relacionar com a sua masculinidade, daí algum receio ou até vergonha”, diz o urologista, Mário Frederico.
O exame, segundo o especialista, é rápido, não dói e é sigiloso. “A saúde não tem preço, mas se negligenciada pode custar a própria vida”, é taxativo.
O urologista reconhece que pouco a pouco a sociedade tem estado mais aberta e diz que, apesar de ser uma minoria, há homens que se preocupam com a saúde, mas pede que não se conote a Urologia com o toque retal.
O exame de PSA, o Doseamento do Antígeno Prostático Específico, é outro exame, de sangue, realizado para detectar o cancro, mas que não substitui o toque retal.
Prevenção combina com diagnóstico
Até o momento não se tem orientações para a prevenção do cancro da próstata, pelo que, por ser silenciosa na fase inicial, a detecção precoce da doença é, atualmente, o meio mais eficaz de salvar vidas.
As recomendações, segundo Mário Frederico, a partir dos 40 anos, pelo menos uma vez por ano, é de procurar um urologista para consultas de rotina, devido a alterações biológicas no organismo e a fatores de risco como a idade, hereditariedade, e pertencer à raça negra.
O diagnóstico precoce concede esperança ao homem, uma vez que as chances de cura são maiores.
O cancro de próstata não tem causa específica e na fase avançada pode surgir dificuldades em urinar, aumento da frequência urinária, jato urinário fraco, esforço e demora ao fazer xixi, ardor ao urinar, sensação de não ter terminado de urinar, disfunção erétil, presença de sangue na urina, sangue no esperma, dores ósseos, insuficiência renal, entre outros.
O urologista pede que todos os homens deixem o preconceito de lado e que a partir dos 40 anos passem a vigiar a próstata com exames frequentes, sendo necessário desconstruir preconceitos e fortalecer a masculinidade na luta contra o cancro da próstata, porque vencer o medo é dar sim a vida.