Arrancou ontem em São Vicente um ciclo de conversas online denominado “Praça Nho Jon”, promovido pela iniciativa “Outros Bairros”. O ciclo vai até 14 de Novembro, é transmitido diretamente no seu canal de youtube – “Praça Nho Jon” – e visa discutir as ações, obras físicas e vários projetos, que têm sido realizados desde Maio de 2019, na zona.
Praça Nho Jon é o nome que os moradores de Alto de Bomba deram à praça, conforme explicou ao A NAÇÃO o coordenador da iniciativa Outros Bairros, Nuno Flores. É que o referido espaço onde os moradores se encontravam foi feito por um residente, entretanto falecido, vulgo Nho Jon e apesar das obras de requalificação o nome manteve-se.
Nuno Flores alega que habitualmente acontecem encontros entre moradores e técnicos do escritório da Iniciativa “Outros Bairros”. Sendo assim, avança que o objetivo da transmissão online é levar a praça, “o encontro”, para a internet e construir uma maior cumplicidade entre moradores, técnicos e todos aqueles que, mesmo distantes, se aproximaram da iniciativa “Outros Bairros”.
“Pensamos que, após a realização do evento, poderemos refletir sobre nós próprios que, dia a dia, tentamos fazer Outros Bairros, bem como, conseguirmos que se ouçam, ainda mais, as vozes das comunidades”, afirma Nuno Flores.
As pessoas são as cidades
Relativamente às cidades o mesmo diz que “não mudam por propostas, sobretudo, quando as propostas impõe ações. Mudam, lentamente, quando dos processos resulta um entendimento do modo de vida de cada área da cidade e a população entende politicamente como pode relacionar-se com os diferentes atores sociais”, explica.
Flores defende que a iniciativa “Outros Bairros” é a população de cada zona e, consequentemente, a Praça Nho Jon também só existe porque a população a usa e lhe dá sentido.
“Estas zonas existem porque a população está lá, há cerca de 50 anos. Resiste a adversidades diárias e só assim consegue sobreviver em lugares da cidade que se caracterizam por enorme pobreza e enormes desigualdades urbanas”, justifica.
Nesse sentido, explica que a população terá a possibilidade de participar em todas as conversas, conhecer e entender como acontecem processos idênticos, ou pelos menos relacionados, noutras partes do mundo.
“As conversas contarão com participantes de Cabo Verde, Portugal e Brasil e centrar-se-ão em temas como: território, urbanismo e arquitetura, agroecologia, música, gênero e políticas publicas”, conclui Nuno Flores.
O trabalho no bairro de Alto de Bomba começou a 2 de Maio do ano passado, trabalhos esses que consistem em obras físicas, um projeto de hiphop (KUBAKA), um projeto de hortas urbanas, um projeto de audiovisual (DSINRASCÁ) e um projeto que tratará questões de género que começará brevemente (AMDJER NA OBRA).
Estagiária