A greve está agendada para quinta-feira, dia 22, e poderá ter uma duração estabelecida, inicialmente, de dois dias. Em causa está uma série violação de seus direitos e estes apelam ao cumprimento de suas penas com dignidade.
A greve foi anunciada num documento intitulado “Indignação dos reclusos”, que chegou à delegação da RCV, na ilha do Sal, através da advogada Kelly Ferreira. Nesse documento, os presos da cadeia de Terra Nova, dizem estar a sofrer com a violação de seus direitos.
Consta no documento que a assistência médica é precária, as refeições servidas aos reclusos não têm qualidade, havendo casos de alimentos deteriorados, causando por vezes indigestão. Além do mais, por decisão interna, denunciam que foram-lhes retirados os talheres e estão a comer com as mãos e pedaços de objetos.
O estabelecimento dispõe de uma cantina onde os reclusos podem adquirir alimentos e produtos de higiene. Contudo, o preço elevado, mesmo acima dos valores do mercado exterior, os impede de comprar os produtos.
Lê-se também que devido à pandemia o governo proibiu as visitas aos estabelecimentos prisionais, situação que já se prolonga há mais de sete meses que, por consequência, vem dando sinais de depressão e stress que lhes pode causar problemas psicológicos.
Para agravar a situação, a cadeia dispõe de uma única psicóloga para acompanhar cerca de 200 reclusos, o que é pouco para corresponder às demandas minimamente exigidas. Os reclusos questionam, ainda, sobre a transparência do trabalho do departamento que gere o seu dinheiro, que chega do exterior por parte dos familiares, dinheiro que tem por destino adquirir bens na cadeia.
Outro ponto do documento diz respeito ao facto de vários reclusos não disporem de condições financeiras por não terem familiares na ilha e que outras pessoas que queiram ajudar são impedidas, mesmo com a permissão de familiares.
Os reclusos sentem-se injustiçados alegando que foi proibida a entrada de qualquer objeto na cadeia, de forma a evitar a propagação da Covid-19, mas que o recluso Alex Saab tem direito a refeição três vezes por dia, visitas ou qualquer bem proveniente do exterior, pondo em risco todos os restantes.
No último ponto do documento, os reclusos apelam por soluções urgentes sob pena de entrarem em greve de fome durante dois dias, com início no dia 22 de outubro, podendo prolongar-se o máximo de tempo possível caso não obtiverem respostas às condições mínimas para que possam cumprir as suas penas com dignidade.
Em anexo, foi enviado um documento com 121 assinaturas de reclusos da cadeia de Terra Boa. O diretor foi contactado, mas este afirmou que não tem nada a pronunciar acerca do documento.
C/RCV
