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Santo Antão

Ribeira Grande: População de Chã de Igreja obriga ambulância a voltar com jovem acamado para o hospital

Na passada sexta-feira,16, a população de Chã de Igreja, concelho da Ribeira Grande, em Santo Antão, cercou uma estrada e impediu que uma ambulância entrasse na localidade com um jovem, vítima de acidente de trabalho.

Segundo apontaram, a vítima não estaria ainda em condições de ir para casa, devido à gravidade do acidente que deixou o jovem paralisado, mas principalmente pela falta de condições da sua habitação.  

Indignado, um grupo de pessoas se juntou na estrada e, com a ajuda de contentores, bloqueou o acesso à ambulância que levava a jovem para casa, depois de vários meses no hospital.

Segundo o A NAÇÃO apurou, o acidente aconteceu no mês de Maio, no decorrer da obra de construção de um hotel em Chã de Igreja, quando uma laje caiu em cima do jovem, de 26 anos, deixando-o politraumatizado, a nível da coluna.

De acordo com o director do Hospital Dr. João Morais, Nilton Sousa, após o primeiro atendimento, a vítima foi estabilizada e evacuada para o Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, onde permaneceu até o dia 14 de Agosto, altura em que foi reencaminhado para o hospital da Ribeira Grande.

“Ele recebeu todos os cuidados dispensados nestas situações, com avaliações constantes e diárias de uma equipa multidisciplinar, no serviço de cirurgia”, garantiu Nilton Sousa.

Entretanto, neste momento, o jovem já se encontra estável e apto para continuar a recuperação em casa, indica o médico. “É um quadro irreversível devido aos danos causados pelo acidente, que vão deixar o utente acamado ou em cadeira de rodas. Temos os critérios clínicos e de alta e o hospital tem as suas limitações, com apenas sete camas no serviço de cirurgia”, precisou.

Por outro lado, explicou, trata-se de um doente vulnerável ao ambiente hospitalar e ao internamento prolongado, tendo em conta o risco de infecções cruzadas, que podem diminuir o seu tempo de vida. “Com uma evolução clínica satisfatória, ele teve alta para continuar os cuidados no domicílio. É um doente dependente, que precisa de banho e alimentação e os familiares têm de assumir esta responsabilidade”, avaliou.

Quanto à necessidade de curativos, o diretor do hospital diz que são cuidados que podem ser prestados pela unidade Sanitária de Base da localidade, sem nenhum problema.

Dono da obra e empresa vão apoiar a família

Quanto à condição social da vítima e a falta de condições da sua habitação para recebê-lo, Nilton Sousa esclarece que o hospital não tem competência e responsabilidade nesta área, mas avança que a empresa empregadora se comprometeu a criar as condições para o jovem e a família.

“O hospital tem as suas funções e não pode ser afectado por aquilo que são as funções de outrem. Fico sensibilizado com a sua situação social, mas não se trata de um problema de hoje, ou que despoletou depois do internamento. São questões sociais”, justificou, apontando que, mesmo assim, o hospital está em contacto com uma assistente social e outras entidades locais para ver o que pode ser feito.

De acordo com Júlio Alves, um dos jovens responsável pela repercussão deste caso, tanto o dono da obra como a empresa executante já entraram em contacto com a família. 

“O dono da obra prometeu fazer uma casa para ele e a empresa também disse que vai ajudar”, garantiu.

Não obstante, a população está a mobilizar-se para acionar um advogado, de modo a garantir que os direitos do jovem sejam assegurados.

A vítima continua internadao no hospital João Morais, na Ribeira Grande.

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