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Avanços da ciência contra a Covid-19

Por: Daniela Horta

A doença de coronavírus 2019 (Covid-19) caracterizada por síndrome respiratória aguda grave resultou em uma crise de Saúde Pública sem precedentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o surto da doença de coronavírus (Covid-19), uma emergência de Saúde Pública em 30 de janeiro de 2020, e uma pandemia em 11 de março de 2020.

Atualmente, não existem medicamentos antivirais ou vacinas específicas contra o recém-surgido SARS-CoV-2. Portanto, a urgência no desenvolvimento de uma vacina é de vital importância para conter a pandemia e prevenir novos surtos do vírus.

Produção de vacina: estapas

Para produzir uma vacina segura e eficaz, é necessário seguir escrupulosamente diversas etapas tornando-o, portanto, um processo moroso, de alto investimento e de elevados riscos. O processo é constituído essencialmente por 3 (três) grandes fases: a fase da descoberta e investigação, fase pré-clínica e clínica. 

Durante a primeira fase são identificadas e aprovadas as propostas das vacinas com potencial terapêutico, seguido do estudo pré-clínico onde são realizadas primeiramente os testes in-vitro, e posteriormente em animais. Trata-se da etapa mais importante desta fase, pois avalia-se a atividade da substância em um ser vivo.

A terceira e última fase, são realizados ensaios clínicos em humanos doentes e sadios, com o objetivo de se testar a segurança e a eficácia da vacina e a capacidade da mesma provocar resposta imune com o desenvolvimento de anticorpos. Somente após a finalização dos estudos e aprovação, é que a vacina poderá ser disponibilizada para a população. A investigação e o desenvolvimento até à fase final, pode levar, em média, 10 a 15 anos.

Mas, em meio a pandemia do coronavírus, os cientistas e as autoridades estão acelerando para buscar uma fórmula capaz de imunizar a população. De facto, conseguir imunização contra um vírus com elevada taxa de mutação não é tarefa fácil. Não obstante, sabe-se que a vacinação é o método mais efetivo e seguro de prevenção contra doenças infeciosas, já que a vacina é preparada com o próprio microrganismo causador da doença, que quando submetido à modificação em laboratório, perde a capacidade de provocar a doença.

Uma impressionante característica do cenário das vacinas para a Covid-19, é a gama de tecnologias de ponta baseados em novas plataformas e paradigmas para acelerar o desenvolvimento da vacina.

Tipos de vacinas em desenvolvimento 

Até o momento, pelo menos, oito tipos de vacinas estão sendo desenvolvidos contra o coronavírus, e estas dependem diretamente do vírus e/ou de suas partes virais. 

Sete equipes estão desenvolvendo vacinas usando o próprio vírus, de forma enfraquecida ou inativada. 

Vinte equipes estão a desenvolver vacinas, usando-se das informações genéticas (na forma de DNA ou RNA).

Vinte e cinco grupos estão trabalhando nas vacinas baseadas em vetores virais, em que um vírus como do sarampo ou adenovírus é geneticamente modificado para produzir proteínas do coronavírus no organismo. 

As vacinas baseadas em vetores virais oferecem um alto nível de expressão de proteínas e estabilidade a longo prazo e induzem fortes respostas imunes.

Outros pesquisadores estão a desenvolver vacinas a base de proteínas, injetando proteínas do vírus diretamente no organismo. Esses fragmentos de proteínas ou invólucros proteicos imitam a camada externa do coronavírus, podendo ser usadas para este fim.

Vinte e oito equipes estão trabalhando em vacinas com estas características e a maioria está focada na proteína spike, e numa outra estrutura importante chamada receptor binding domain.

Cinco equipes estão trabalhando em reservatórios vazios do vírus, portadores unicamente da estrutura externa. São modelos não-infeciosos, sem material genético, difíceis de manufaturar, mas que possuem alta capacidade de desencadear resposta imune.

Segundo a OMS, 102 pesquisas estão em desenvolvimento e 8 delas estão na fase mais avançada, e destes, 2 estão sendo realizadas nos Estados Unidos, e a que se encontra mais desenvolvida é a do Instituto Nacional de Saúde e da Biotecnologia Moderna. Os primeiros testes clínicos iniciaram em 16 de março de 2020.

 Resultados

O governo americano espera que em 8 meses, a vacina esteja pronta para produção em larga escala.
No Reino Unido, uma vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e financiada pelo governo britânico, já começou a ser testada em humanos. Se os resultados forem positivos, a vacina poderá estar disponível para distribuição em setembro, visto que os primeiros 1100 voluntários selecionados já receberam as doses.

Segundo os pesquisadores a metodologia adotada para a fabricação desta vacina, consiste em remover o material genético do coronavírus e inseri-lo no vírus da gripe comum. O vírus então modificado é enfraquecido em laboratório e desta forma, não consegue se replicar no organismo, após aplicação. 

Esta vacina já foi testada com sucesso em macacos, e a ideia é ter 1 milhão de doses prontas até setembro. Duas gigantes farmacêuticas mundiais, anunciaram que irão produzir a vacina em larga escala, mesmo antes dos resultados dos testes em humanos.

Vacina chinesa 

A Ásia, o primeiro continente afetado pela ovid-19, se esforça para ser o primeiro a encontrar o antídoto. Os chineses são os pioneiros, estão por trás de quatro das oito vacinas mais adiantadas no momento. A vacina chinesa já passou para a segunda fase de testes, o que na prática significa que já foi considerada segura. 

Uma das quatro vacinas desenvolvidas pelos chineses, é semelhante à pesquisa desenvolvida na Inglaterra, que combina o coronavírus com o vírus da gripe comum. 

Uma outra pesquisa da empresa de Biotecnologia da capital Pekim, desenvolveu um outro tipo, conhecida como inativada, na qual é retirada a parte genética do vírus, no caso do coronavírus (o RNA viral), e deixam na estrutura somente o que é suficiente para estimular o sistema imune a produzir anticorpos.

O Instituto de Israel para a Investigação Biotecnológica, anunciou ter desenvolvido um anticorpo capaz de atacar e neutralizar o coronavírus de forma monoclonal. De acordo com um dos encabeçados, a fase de estudos com o anticorpo já foi finalizada, estando já a preparar a patente.
Responsáveis pelo governo de Madagáscar, lançaram o “Covid-Organics”, um tônico feito a base de uma planta chamada artemisia, o componente principal de um medicamento utilizado no tratamento da malária. Apresentaram a bebida como sendo a cura para a covid-19, entretanto a OMS afirmou não ter prova de cura e desaconselhou o uso, visto que existem questionamentos da suposta eficácia da bebida.

A verdade é que não existe uma medicação eficaz no combate ao coronavírus e por mais que em algumas regiões e territórios, o pior já tenha passado é ainda difícil prever quando a pandemia chegará ao fim. Enquanto não houver uma vacina para a covid-19, sempre haverá o risco de uma segunda onda de contágio.

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