Músicos e profissionais do mundo das artes e espectáculos de Cabo Verde estão a preparar uma manifestação silenciosa e distanciada, no Dia Nacional da Cultura, em várias ilhas, para alertarem para a situação “insustentável” vivida pela classe, apelando à retoma do sector.
O próximo dia 18 de Outubro, domingo, Dia Nacional da Cultura, ficará assim marcado, para já, pelo anúncio desta manifestação geral, que visa, segundo os promotores, sensibilizar as autoridades competentes para a situação difícil e insustentável vivida pela classe, ao fim de cerca de oito meses de desemprego.
Numa nota assinada por Nuno Levy, a partir da ilha do Sal, os artistas cabo-verdianos denunciam que debatem-se, na sua grande maioria, para conseguir “sobreviver nesta profissão, mesmo em tempos normais”, fará na actual situação vivida pela covid-19.
“Hoje vivemos uma situação atípica, causada pela pandemia, que obrigou ao encerramento das casas de cultura e de todos os espaços públicos, arrastando para o desemprego, centenas de chefes de família, em todas as ilhas, que vivem e sobrevivem deste sector”, alertam.
Os mesmo alegam que , apesar de se assistir à retoma de diversos postos de trabalho em todo o país, mantêm-se as proibições para muitas casas de música e de cultura, ainda que respeitando as normas sanitárias e reduzindo para um terço a sua lotação
“Havendo o respeito pelas normas sanitárias impostas, e à semelhança de outros espaços públicos que já se encontram em funcionamento, apelamos às autoridades para a reabertura dos espaços culturais, para que a força de trabalho no sector artístico possa reaver a sua dignidade”.
Os promotores lembram que “silenciar a música é silenciar toda uma nação”.
“A música, como toda a forma de arte, é responsável por tornar essa crise menos insuportável. Portanto, caro governante, caro empresário, caro cidadão comum (que acha mau apoiar os artistas)… nós vamos lutar e a música voltará a ecoar nos cutelos e ribeiras, nas praias e nas cidades de Cabo Verde… com vossa ajuda ou sem ela!!! Viva a Música! Viva a Cultura!”, defendem.
A manifestação acontece assim no Dia Nacional da Cultura, domingo, 18, pelas 17 horas em várias ilhas, nomeadamente Sal, Santiago, Santo Antão, São Vicente e Boa Vista.
Os artistas marcharão em silêncio, devidamente distanciados, usando máscaras faciais e empunhando os seus instrumentos de trabalho.
Como já referido várias vezes pelo A NAÇÃO a classe artística foi a primeira e fechar portas profissionalmente, continuando ainda praticamente todos os eventos culturais suspensos, especialmente concertos e espectáculos.
Alguns restaurantes, poucos, retomaram as actuações com artistas, e já se assiste à abertura de algumas exposições, de forma simbólica e pontual.
Muitos produtores de eventos e artistas já confidenciaram ao A NAÇÃO não compreender, e questionam, como é que está-se assistir a comícios em várias ilhas, devido às autárquicas 2020, com direito a palco e aglomeração de pessoas, mas em contrapartida não se pode fazer espectáculos e concertos.
Curiosamente, o primeiro evento cultural a ser retomado no país é o URDI, sob a alçada da CNAD, e Ministério das Indústrias Criativas, que vai incluir uma residência artística em Fontaínhas, Santo Antão.