1– Como vai ser?
O anúncio está para qualquer momento.
Iminente.
O que falta é conhecer os meandros e os pormenores de como vai ser o destrancamento.
A decisão formal é tomada no Conselho de Ministros desta quinta-feira, 8.
A (quase) decisão foi pré-anunciada, dois dias antes, terça-feira, 6, pelo próprio Chefe do Governo, Ulisses Correia e Silva.
Garantiu que, em Conselho de Ministros, desta quinta-feira, uma Resolução fixa a modalidade da (re)abertura dos quatro aeroportos internacionais de Cabo Verde, a saber: “Amílcar Cabral” (na Ilha do Sal); “Aristides Pereira” (na Boa Vista); “Nelson Mandela” (na Praia – Ilha de Santiago); e “Cesária Évora” (em São Vicente).
Estes equipamentos estão trancados há quase 210 dias.
Mais concretamente, desde que foi notificado o primeiro caso de COVID-19, em Cabo Verde, naquele aziago 19 de Março, na Ilha da Boa Vista.
De então a esta parte, (este) não é o primeiro anúncio da (possibilidade) de (re)abertura de fronteiras e de (re)toma de vôos internacionais.
Que não se concretizaram – ainda!
Na segunda quinzena de Junho, Correia e Silva anunciava, dispensava e desanexava testes de COVID-19 e quarentena para os turistas estangeiros que chegassem a Cabo Verde.
“Não vamos associar a reabertura dos vôos internacionais à quarentena, isto por motivos óbvios. Uma coisa é um cabo-verdiano que foi apanhado por causa da interdição dos vôos, que queira regressar e regressa nas condições que temos, actualmente, e faz a quarentena, porque vive aqui em Cabo Verde. Outra coisa é uma pessoa que venha de um país estrangeiro, venha visitar ou fazer um trabalho e seja obrigado a passar 14 dias em quarentena. Esta é uma impossibilidade”, argumentava, em Junho, o Primeiro-Ministro.
Outros anúncios do mesmo teor (infelizmente abortados!) tinham sido feitos pelo ministro do Turismo e Transportes, Carlos Santos, para Junho, Julho, Agosto e Setembro.
Como datas da retoma.
Conhecedores da realidade e com os pés bem-fincados na raiz, os agentes/operadores económicos não estão, assim, tão entusiasmados.
Não querem embandeiramento em arco.
Preferem, calma e cautela, segurança e ponderação, cientes de que todas as crises “são passageiras”. Mesmo que durem.
Reconhecem a intenção, possibilidade e disponibilidade do Poder Central, mas entendem que, é, ainda, somente, uma entre-abertura de portas.
Pois…há vários passos outros – e muito importantes! – a serem dados.
Incluindo a reacção/recepção, encaixe e critérios definidos e em vigor nos principais países/mercados/agentes emissores de turistas.
Cuja maioria provém do Reino Unido e/ou da União Europeia (UE).
Optimista – “quanto-baste”! -, terça-feira, o “Big-Boss” do Palácio da Várzea deu garantias de que as condições adiccionais estão criadas, para o franqueamento de portas.
“É preciso que os boa-vistenses e os salenses continuem a fazer um esforço adiccional para mantermos muito baixo ou zerarmos os níveis de transmissão nessas duas ilhas e assim pudermos, brevemente, reabrir essas duas ilhas ao Turismo”, desafiou, realçando a existência de centros COVID-19, vocacionados a tratamento de turistas.
Que o desafio seja interiorizado.
Não só nessas duas ilhas (mais) turísticas, mas…em todos os (recantos) destas nossas Ilhas Plantadas no Meio do Atlântico.
Para que a Pandemia não mate – a já de si só frágil e débil! – Economia Cabo-Verdiana.
Que clama, reclama, merece e conclama à inovação e criatividade, sustentabilidade, inclusão e diversificação.
A bem do Meio Ambiente…
2– Responsabilização
Incansável.
Focada, centrada e compenetrada.
Profissional e laboriosa.
Frontal.
Uma vez mais, a presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), Maria da Luz Lima, veio a terreiro, no habitual Encontro com os Jornalistas, na segunda-feira, 5, admitu que Cabo Verde regista aumento diário de mortes pelo novo Coronavírus.
Luz Lima, como técnica de Saúde que é, reitera e remarca que COVID-19 é uma “infecção/doença, que pode ser prevenida”.
Persistente como ela é – mas, também, escorada em inerência de funções! -, (re)apela a todos os cabo-verdianos – a todos mesmo, sem excepção! -, a respeitarem e a cumprirem as directivas preventivas das autoridades sanitárias, de modo a se evitar o contágio e a propagação do novo Coronavírus.
“Nunca é demais pensar que o outro pode estar infectado e nós não sabemos”, sustenta Lima, destacando a “elevada taxa de assintomáticos”.
Que, em Cabo Verde, se situa entre 70 a 80 por cento. E que podem estar a transmitir a doença.
“Apelamos, mais uma vez, ao bom-senso e à responsabilização. A mudança de comportamentos não é fácil, mas temos que assumir essa nova normalidade, para podermos prevenir”, insiste, clamando que se tem de “pensar no outro, na Saúde Pública e na Saúde do colectivo”.
Esconjurando o egoísmo.
3– Comprometimento jovem
Nestas coisas do novo Coronavírus – felizmente! -, não há incontagiáveis.
Já se (re)disse – bastas vezes! -, nos vários rincões desta nossa Aldeia Global, que COVID-19 é um vírus oportunista, sorrateiro, invisível, “prindante”, democrata (também!), que não escolhe a quem atacar.
Por esta e outras razões mais, o director do Serviço de Prevenção e Controlo de Doenças, Jorge Noel Barreto, voltou à carga, clamando/reclamando o comportamento cívico-cidadão dos mais jovens, lembrando-lhes que, nos últimos tempos, são os idosos que mais têm alimentado a estatística das mortes.
Razões?
Uma delas é a de ficarem infectadas em consequência do contacto, trato, inter-acção e/ou convivência com os mais jovens.
Que, infelizmente – muitos deles! -, consideram-se, ainda, super-heróis, incontagiáveis, inatingíveis e imbatíveis por COVID-19.
“Esses jovens, se querem preservar a saúde e a vida dos seus idosos, dos seus avós, dos seus entes-queridos, devem ter muita atenção no cumprimento das medidas de prevenção que têm sido anunciadas”, receita Barreto.
E isso está ao alcance das nossas mãos.
De todos nós!
4– Outubro melindroso…
Com Credo na boca…
A primeira semana de Outubro – mais concretamente, de 1 a 7 de Outubro! -, fica como um período de má-memória para a Saúde em Cabo Verde.
Principalmente, os ditos mais idosos.
Tomara que haja inversão de tendência nos restantes dias…
Que são muitos, ainda…até ao final do mês de Outubro.
A menos de sete meses – que só se completa a 19 de Outubro! -, da notificação do primeiro caso de COVID-19, registado na Boa Vista, num turista inglês, de 62 anos, Cabo Verde conta(va), até esta quarta-feira, 7, com 867 casos activos, cinco mil 684 recuperados, 71 mortes, num acumulado de seis mil 624 contagiados.
Num período de sete dias – 30 de Setembro a 7 de Outubro -, ocorreram 11 óbitos e mais 600 novos infectados.
Tem que se inverter esta tendência.
Que é possível.
E está nas nossas mãos.
De todos nós…
Tomando de empréstimo, como está na moda dizer-se, agora: “sem deixar ninguém p’ra trás”.
Incluindo todas e…todos.
(Publicado no A NAÇÃO, edição 684, de 8 de Outubro de 2020)