Com 40 anos de carreira, a artesã Maria Filomena Ramos expõe, durante esta semana, no Centro de Interpretação Turística do Porto Novo, a arte reciclada.
Artesã quer passar uma mensagem de conscientização ambiental que envolve beleza, arte e uma longa trajetória no artesanato nacional.
São vasos, quadros e acessórios de decoração, para além de bijutarias diversas, a maioria feita de produtos reciclados. Sementes, tecidos, escamas de peixes, tudo se aproveita, transformando-se em pura arte.
Apesar de expor em contexto de pandemia, a artesã perspectiva uma boa exposição, voltada para o público local.
Maria Filomena Ramos tem mais de 40 anos no artesanato nacional, uma arte que diz nem sempre ser valorizada, mas que tem conquistado o seu espaço.
“O artesanato há 40 anos não era valorizado, agora começa a ganhar algum destaque, alguma valorização. Não nos davam muito valor. Desde sempre lutei para que a classe dos artesãos tivesse mais valor. Mas as coisas estão a melhorar”, reconhece a artesã.
Para além da valorização do produto artesanal, Maria depara-se com o problema do escoamento do seu trabalho e na aquisição de alguma matéria prima. A falta de incentivo também é uma dificuldade constante.
“Quando o nosso trabalho fica amontoado num canto, sem a devida valorização dá um desgosto e falta incentivo para continuar, o que motiva alguma interrupção na produção”.
Trocar a docência pelo artesanato
Apesar das dificuldades, Maria mantém-se forte naquilo que mais gosta de fazer, tanto que trocou uma carreira de professora para se dedicar ao artesanato.
“Artesanato para mim é tudo. Eu troquei a carreira de professora pela de artesã. Eu até poderia conciliar as duas coisas, mas é no artesanato que me identifico. Sou criativa, adoro criar e há muita paixão envolvida”, revela Maria.
Com a sua arte já conheceu muitos países, mas agora tem um sonho, ambiciona abrir uma pequena fábrica de transformação de produtos agrícolas. Mais um desafio que decide aventurar-se, mas onde tem encontrado dificuldades burocráticas para a sua realização.
Por ora, apela à união dos artesãos na luta para se alavancar a arte, transformando-a num “grande” produto nacional.
A exposição de Maria Ramos está patente no Centro de Interpretação Turística do Porto Novo até à próxima segunda-feira.