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União Caboverdeana Independente e Democrática (UCID): Alargar as bases do partido para criar novas oportunidades

Por: Lucas Monteiro

Um novo figurino da vida política em Cabo Verde iniciar-se-á com as eleições autárquicas ainda este ano. Essas eleições autárquicas poderão abrir novos horizontes à União Caboverdeana Independente e Democrática (UCID).

Fundado no seio da Diáspora Cabo-verdiana e na clandestinidade, a UCID iniciou as suas atividades políticas em 1978, particularmente na Holanda onde era o único movimento nacionalista cabo-verdiano, carismático, autorizado pelo Município de Rotterdam a fazer manifestações de rua.

Essas manifestações pacíficas tinham um pendor político particular na mobilização e divulgação de informações ajustadas e pertinentes, não só à proteção das liberdades e direitos democráticos e à perenidade dos valores da cabo-verdianidade ao longo de cinco séculos de história deste Arquipélago, caldeados no amor das ilhas comparável ao amor de mãe, mas também na defesa da integridade física dos opositores cabo-verdianos, vítimas da violência policial em todas as ilhas fazendo parte do sistema de partido único.

Com a reviravolta do sistema monopartidário e abertura política em Cabo Verde em 1991, posterior aos acontecimentos que marcaram o derrube do Comunismo na antiga União Soviética, a UCID abraçou oficialmente o multipartidarismo no território nacional e desde então até agora, este partido tem-se movimentado na vida política nacional, quer nas suas atividades internas quer a nível do Parlamento Cabo-verdiano, dando uma contribuição positiva no quadro da estabilidade política no País, caraterizada pela paz social cujos principais benificiários são as populações que constituem o tecido demográfico das ilhas.

UCID: fiel de balança mediadora na busca de consensos

Nos momentos de alguma crispação ou tensão política entre os dois partidos do arco da governação, a UCID funcionou como o fiel de balança mediadora na busca de consensos e equilíbrios necessários, indispensáveis ao normal desempenho dos sucessivos governos chefiados ora pelas lideranças do PAICV, outras vezes do MpD.

A estratégia inovadora dos Democratas Cristãos, que deixava muitas vezes perplexos e perturbava alguns militantes deste partido que se sentiam traídos, persuadidos de que os acordos pontuais ou alianças aleatórias com partidos maioritários só serviam para reforçar o poder de quem governava o país à revelia dos protestos da população, desejosa de mais tranquilidade e menos autoritarismo.

Claro que a intenção da União Caboverdeana Independente e Democrática era algo diferente, inspirado nos princípios, responsabilidades e objetivos que visavam, num horizonte político alargado, manter e garantir os fluxos e esteios da jovem democracia cabo-verdiana, ameaçada pela bipolarização e monopólio dos “Tambarinas” ou dos “Ventoinha” que ainda hoje se revezam, alternadamente, no poder a todo o custo, enquanto o povo dança como um “pirilampo ping-pong”, umas vezes nas raquetas do MpD, outras vezes nos tacos do PAICV.

 

“Sem querer, sem escolha e sem alternativas, essa grande crise multifacetada decorrente da pandemia, bateu-nos à porta com o seu cortejo de malefícios exigindo novas atitudes e medidas corajosas. No contexto atual, de políticas públicas para o relançamento de atividades económicas diferentes e sustentáveis, estamos, de fato, a entrar rapidamente num novo estádio de política a que poderíamos chamar “HORA DA OPORTUNIDADE”.

 

Eleições autárquicas e a Covid-19 

As novas eleições autárquicas irão decorrer com o País mergulhado na crise sanitária da Covid-19 que assola o mundo inteiro e cujas consequências são gravíssimas para a saúde do ser humano com efeitos colaterais dramáticos na destruição da economia das famílias, nos lares, nos negócios, nas indústrias incluindo o turismo, sendo os transportes aéreos os mais afetados.

Sem querer, sem escolha e sem alternativas, essa grande crise multifacetada decorrente da pandemia, bateu-nos à porta com o seu cortejo de malefícios exigindo novas atitudes e medidas corajosas.

No contexto atual, de políticas públicas para o relançamento de atividades económicas diferentes e sustentáveis, estamos, de fato, a entrar rapidamente num novo estádio de política a que poderíamos chamar “HORA DA OPORTUNIDADE”.

Vamos estar todos, uns e outros, num cruzamento político em que as diretrizes mais seguras não são conhecidas. De todo o modo, mantem-se afastada e fora de questão a ideia de conotação da realidade atual como os vultos da incerteza, na medida em que já existem modelos e experiências comprovadas que funcionam como rampas de lançamento. Nada impede, pois, que cada protagonista possa aproveitar as novas oportunidades.

Ao longo do seu percurso, a UCID fez história e juntou experiências que funcionam como trunfos na manga e pode, nos momentos graves como este, agarrar a hora da oportunidade e fazer a diferença.

Terceira força política de Cabo Verde na atual legislatura com apenas três deputados nacionais, a voz do partido no Parlamento Cabo-verdiano não diminui a grandeza da União Caboverdeana Independente e Democrática, que sempre soube defender ontem e hoje os interesses de todos os cabo-verdianos, de Santo Antão à Brava;

A prova mais extraordinária foi a manifestação da UCID na Cidade de Nova Iorque nos EUA em frente do edifício das Nações Unidades no dia 18 de Novembro de 1981, autorizada pela Polícia de New York City e com o aval das próprias Nações Unidas, contra os vícios da intolerância política em Cabo Verde e na defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cabo-verdianos, no pressuposto de que o Estado Cabo-verdiano, naquela altura, tinha necessidade de temperança, mas mais ainda de paciência e de coragem.

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