Os guias turísticos de Santo Antão dizem não estarem a beneficiar com o turismo interno, apesar de ser apontado como uma das alternativas para aliviar os operadores turísticos dos impactos da Covid-19 no sector.
Os guias turísticos de Santo Antão dizem não estarem a beneficiar com o turismo interno, apesar de ser apontado como uma das alternativas para aliviar os operadores turísticos dos impactos da Covid-19 no sector.
Em Santo Antão, apesar de algum turismo interno registado, os guias continuam há cinco meses sem trabalhar.
Hélder Bentub, guia turístico reconhece que o turismo interno pode aliviar, de certa forma, os operadores turísticos, nomeadamente no que toca a transporte, bares e restaurantes, contudo o serviço de guia, como diz, não é solicitado internamente.
Essa fonte diz estar há cinco meses sem trabalhar, juntamente com mais 70 colegas que não viram o turismo interno mudar o cenário.
“Muitos de nós estamos a passar por dificuldades. Fomos esquecidos pelo Estado e pelo ministério do turismo, o que é uma injustiça visto que o turismo contribui para uma grande fatia do PIB e é um dos principais pilares da economia nacional.
Os guias de turismo não ganham dinheiro com o turismo interno, visto que os nacionais não solicitam o serviço, conta Hélder.
Na perspectiva deste profissional, o preço dos voos inter-ilhas, que considera extremamente caro, impede o desenvolvimento do turismo interno.
Na mesma ótica, Odair Gomes, também guia de turismo em Santo Antão, e que se encontra sem
trabalhar, reconhece que os preços deveriam ser reconsiderados para impulsionar o sector.
“Aqui entra o Governo ajudando através do relaxamento dos impostos e outras políticas. Baixar os custos nos transportes e alojamento é fundamental”, expõe Odair .
Que modelo de turismo interno?
O professor universitário e técnico de desenvolvimento local Ravi Delgado, sugere, no sentido de se contornar a Covid-19, pensar em um modelo de desenvolvimento integrado entre os operadores e os diferentes sectores de atividade que interferem no turismo.
Mais do que uma alternativa, segundo Delgado, o turismo interno terá de ser obrigatoriamente uma aposta para minimizar os impactos da Covid-19 no turismo.
O turismólogo defende um turismo complementar entre a região norte, com aposta entre Santo Antão e São Vicente.
“O cultural de São Vicente aliado ao de natureza de Santo Antão formam uma oferta integrada e com valências interessantes e que poderiam servir de exemplo para outras ilhas e fazer dessas ilhas um único destino”, sugere Ravi Delgado.
Para isso, segundo Ravi, seria necessário criar pacotes de viagem a baixo preço, que incluam o serviço de guia, campanhas promocionais com foco nas especificidades e particularidades das regiões. E mais do que isso, desmistificar a ideia de que turista é aquele que vem de fora.
Ricénio Lima
Estagiário