Conforme A NAÇÃO apurou, essas reações surgiram depois da empresa de construção civil, executora das obras de requalificação, ter avançado com um teste de calcetamento de uma travessa (rua) nas proximidades da Igreja Matriz, cujo modelo será posteriormente alargado a toda a parte histórica da cidade de São Filipe que, depois de Cidade Velha na Ribeira Grande de Santiago, é tido como o núcleo populacional mais antigo de Cabo Verde.
Os técnicos, agentes culturais e a população exigem uma requalificação de qualidade e apelam as autoridades a impedirem que o modelo testado seja replicado noutras ruas, cumprindo aquilo que foi prometido pelo Governo em Julho último no lançamento do projecto, porque o centro histórico e a cidade merecem e exigem obras com dignidade e à altura do seu estatuto de património cultural.
No início dos testes na rua perto da Igreja Matriz, ainda começou-se por utilizar algumas pedras que se assemelham aos chamados paralelos, mas, num intervalo de menos de 50 metros, o que se registou foi a reposição da calçada com as mesmas pedras anteriormente existentes, deixando antever que não vão ser utilizados os paralelos como prometido.
No meio das reações, também há aqueles que, aproveitando o humor que caracteriza os foguenses, gozam com a situação e satirizam a questão do paralelo e outras figuras geométricas, considerando que, se o objectivo do trabalho iniciado na pequena rua junto à Igreja Matriz foi fazer um teste, a nota obtida é demasiado baixa para que o modelo seja replicado noutras ruas.
Lançamento do projecto
Aquando do descerramento da placa, a 18 de Julho, e que marcou o início oficial dos trabalhos, a ministra das Infraestruturas, Habitação e Ordenamento do Território (MIOTH), Eunice Silva, garantiu que, basicamente, vai-se restaurar e regenerar todo o piso da área antiga da cidade, aproximadamente 40 mil metros quadrados (quatro hectares), mediante a substituição da calçada, mas mantendo os desenhos nas calçadas com recurso a pedras brancas.
“Na requalificação dos arruamentos da cidade não serão utilizados pavês, mas trabalhar com pedras dimensionadas para dar uma visão diferente e evitar a situação actual em que as ruas estão cheias de deformações e com cedência, perceptível mesmo quando se circula de carro” afirmou na altura a ministra Eunice Silva, garantindo que seria usado paralelos para a requalificação.
Por sua vez, na altura, os técnicos do MIOTH que apresentaram o projecto de requalificação, também confirmaram a colocação de uma calçada de pedra com dimensão de 10 por 10 e evitar as chamadas “lascas” utilizadas no passado e que têm estado a “sair” com relativa facilidade, dificultando a circulação de pessoas e viaturas.
A requalificação de todo o centro histórico, que se encontra bastante degradado, representa um investimento de 66 mil contos financiado no quadro do eixo III do Programa de Requalificação, Reabilitação e Acessibilidades (PRRA) do MIOTH. Estima-se que as obras estejam concluídas no prazo de um ano.