Os pescadores e peixeiras de São Pedro, em São Vicente, pedem maior atenção do Governo e denunciam que apenas 20 das 400 pessoas devidamente identificadas receberam o subsídio prometido durante o Estado de Emergência decretado no país por causa da pandemia da Covid-19.
Em declarações à Rádio de Cabo Verde (RCV), Luís Andrade, Presidente da Associação dos Pescadores de São Pedro, alertou que a pandemia da Covid-19 está a ter efeitos muito prejudiciais para o sector das pescas, cuja situação agrava-se ainda mais devido à proibição da pesca do búzio com consequências particularmente gravosas para os jovens que procuram a vida no mar.
“Estamos a sofrer muitas consequências e precisamos que entidades como o Ministério da Economia Marítima se juntem a nós para dar-nos esclarecimentos ou ajudar-nos a ultrapassar essas barreiras”, diz Luís Andrade, lamentando que, dos 400 pescadores e peixeiras devidamente identificados para receberem o subsídio de dez mil escudos prometidos durante o Estado de Emergência, apenas 20 foram contemplados.
“Nós sabemos que a pesca do búzio é uma pesca ilegal, mas é uma alternativa, é um recurso marinho, então tem de ser apanhado”, defende aquele líder associativo, lembrando que, tendo em conta a “situação preocupante” por que passam os pescadores de São Pedro, também têm estado a discutir esta questão com as entidades ligada à economia marítima.
Luís Andrade alerta que, tanto a questão da pesca do búzio cuja solução arrasta-se há muitos anos, como outros aspectos ligados ao sector, merecem uma maior atenção sob pena de o sector da pesca artesanal vir a desaparecer na zona de São Pedro.
“A pesca artesanal está a ser engolida pela pesca industrial e, se não forem tomadas as medidas necessárias, em menos de dez anos, a pesca artesanal vai desaparecer dentro da nossa comunidade”, alerta Luís Andrade que também apontou o facto de os pescadores de São Pedro estarem a ser discriminados em relação a outros colegas, principalmente os da Cidade de Mindelo, que alegadamente terão recebido os prometidos subsídios.
Por sua vez, a peixeira, Faustina Andrade, que viu o seu bote com mais de 200 kg de búzio, apreendido pelas autoridades por tratar-se de uma pesca ilegal, denunciou à RCV a difícil situação dos pescadores e peixeiras de São Pedro por causa da pandemia da Covid-19.
“O Governo tem de ver pelos pescadores e peixeiras de São Pedro. Mais dias, menos dias vamos morrer todos porque não temos mais meios de viver aqui” desabafa Faustina Andrade, sugerindo que, apesar deste ano não haver festa da “Cavala e Olho Largo” por causa da crise, os pescadores deveriam ser autorizados a pescar essas espécies como forma de atenuar a grave situação por que passam.
Luís Andrade – Presidente Associação Pescadores São Pedro
Miriam Pires
Estagiária
