Com as últimas chuvas em Santo Antão, boa parte do lixo despejado na lixeira intermunicipal do Paul e da Ribeira Grande de Santo Antão foi parar ao mar, situação que tem indignado a população e ambientalistas locais.
A lixeira, situada nas imediações da cidade do Porto Novo, recebe, a céu aberto, todo o lixo produzido nos dois municípios. Tem sido considerado um “grave atentado ambiental” e uma das grandes preocupações da ilha no que diz respeito ao saneamento.
Há alguns dias um jovem paulense chamava a atenção para a situação em que se encontrava a lixeira, situada na localidade de Ribeira Brava.
Na altura, o jovem pedia o máximo de partilhas possíveis, a fim de ver criada uma alternativa antes que viessem as chuvas.
“Com a chegada das águas onde irá parar todo esse lixo? Esta zona, para quem não sabe, é uma das maiores zonas pesqueiras do nosso município (Paul), frequentada por muitas pessoas para passeios e para a prática da pesca de linha”, alertava Airton Dias.
Dias depois, com a chegada das chuvas, aconteceu o que este jovem temia. O lixo foi arrastado para o mar, com uma grande quantidade de plásticos, pneus, latas, entre outros materiais.
“Infelizmente o que eu temia acaba de acontecer, com muita pena, dor e revolta”, lamentou.
Diante do cenário, o jovem questiona quem será responsabilizado pelos danos causados ao ambiente, bem como o que têm feito os municípios em torno da problemática “que há muito vem passando despercebido aos seus olhos”.
Para o biólogo Rui Freitas, o ambiente tem sido negligenciado durante esta legislatura, afirmando que o ministro a quem incumbe a responsabilidade das pastas do ambiente e da agricultura, só tem dado atenção a esta última.
“O ambiente foi desconjunturado nesta legislatura. Nunca tivemos como agora uma autoridade ambiental tão cocho, amorfo, desnorteado e sem capacidade técnica para os desafios do país na actual conjuntura” afirmou.
Nos últimos anos, vários operadores turísticos de Santo Antão têm se posicionado contra a lixeira, ressaltando que a mesma afecta directamente a imagem do turismo na ilha.
Também os municípios têm insistido na necessidade de se construir um aterro sanitário nesta ilha, onde se produz, anualmente, quase quatro mil toneladas de lixo.
NA