Filomena Delgado, secretária-geral do Movimento para a Democracia (MpD – poder) garantiu que a demissão de Gil Évora foi precedida de uma audição, pelo Governo, conforme estipula a lei.
À RCV Delgado disse que, tendo em conta que um gestor público nunca pode estar envolvido num negócio deste género e, a trabalhar numa empresa privada, enquanto é gestor público, a melhor decisão tinha de ser o afastamento do cargo.
Em causa, o encontro com advogados da defesa de Alex Saab numas ilhas das Caraíbas .
“Temos um comunicado do Governo a explicar porque foi demitido e uma declaração do Gil Évora a dizer que estava a trabalhar numa empresa privada de consultoria”, justificou Filomena Delgado, citada pela Inforpress.
Perante estes factos, alega que o Governo não agiu tendo por base as notícias veiculadas pelos órgãos de comunicação social.
A mesma garante que a justiça cabo-verdiana, “achando por bem”, poderá ouvir as pessoas que estão envolvidas neste caso para explicar todos os meandros da deslocação”.
Por isso, acusa o PAICV de estar a “introduzir a política neste domínio”.
“A Procuradoria-Geral da República deverá fazer algo nesse sentido porque nós temos um gestor público e um dirigente que se deslocaram do país para trabalhar numa empresa ligada ao Alex Saab”, disse Delgado.
Depois de ouvido Gil Évora, Filomena Delgado diz que a melhor decisão foi a demissão do cargo de Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Emprofac.
“Sendo presidente do Conselho de Administração de uma empresa pública não pode, por estar de férias, estar a trabalhar para uma empresa privada”, adverteu.
Historial
Recorde-se que o nome de Gil Évora, assim como do antigo DGT, Carlos dos Anjos, apareceram na semana passada referenciados como sendo os dois emissários do Governo de Cabo Verde à Venezuela.
Na sexta-feira passada, o Governo demitiu Gil Évora, justificando em comunicado que a demissão vem “em consequência da violação dos deveres inerentes ao gestor público e desvio da finalidade das funções”.
O então ex – PCA da Emprofac, Gil Évora, desmentiu, depois no sábado passado, que tenha estado na Venezuela, em missão do Governo, e muito menos em qualquer palácio presidencial. Nega também que tenha tido qualquer contato com o presidente da Venezuela Nicolas Maduro.
“Não fizemos qualquer missão a mando de governo algum e nem fomos emissários de quem quer que seja. Igualmente não estivemos em palácio presidencial algum pelo que não contatamos qualquer presidente e muito menos entidades governamentais de um outro país. Neste sentido são globalmente falsos falar-se de encontros políticos etc, e desejamos refutá- los integralmente pelo que apenas servem para alimentar o gáudio de alguns que nos querem à força metidos em qualquer enredo do qual não somos e nem queremos ser parte”, esclarece Gil Évora, num comunicado, chegado à nossa redacção, em nome dele e de Carlos dos Anjos.
O mesmo garante que ele (Gil Évora) se deslocou a Espanha, a convite de uma empresa cabo-verdiana de consultoria na área de aviação civil, que está a prestar serviços ao colectivo de advogados de Alex Saab, desde Junho.
A consultoria da empresa cabo-verdiana, diz o comunicado, vem no sentido do grupo de advogados de Alex Saab “melhor conhecer e estabelecer os trâmites de obtenção das autorizações para a realização dos voos e obtenção dos vistos de entrada em Cabo Verde, assim como outros aspectos logísticos face à necessidade premente de o grupo ter de se deslocar ao nosso país”.
Conforme o documento, desde Junho que “esta empresa Cabo-verdiana vem tratando de forma legal e transparente estas questões, como atestam as notas trocadas com as instituições caboverdianas ligadas aos aspetos logísticos de que falamos”.
Nesse contexto, Gil évora garante que “a viagem, que por ora tanta tinta faz correr, resultou de um convite formulado pelo Grupo de advogados para um encontro de planeamento e programação dos voos e vistos previstos para os meses de Setembro e Outubro para a Ilha do Sal.
Foi nesse sentido, conforme esclarece, “que se programou esta missão para Saint Vincent e Granadines local para onde efetivamente nos deslocamos, missão totalmente custeada pelo grupo de advogados que se prontificou a assumir os encargos da deslocação num jato privado espanhol da Corunha, tendo em conta a inexistência de ligação em voos comerciais”.