O director clínico do Hospital Agostinho Neto (HAN), Victor Costa, garantiu que tudo está a ser feito para reverter o quadro clínico do adolescente de 15 anos infectado com covid-19 e em estado crítico.
Em declarações à RCV, Victor Costa avançou que o jovem deu entrada nos serviços do HAN com um quadro de “alguma gravidade”, mas que já há sinais de melhoria.
“Neste momento encontra-se sob os cuidados do colectivo de internamento do isolamento de covid-19 e, do dia de internamento para hoje, da conversa que eu tive com os técnicos, com os profissionais, houve alguma melhoria desse adolescente”, explicou.
Fábio Ramos dos Santos, de 15 anos, deu entrada no HAN na segunda-feira da semana passada, com dores no braço e falta de olfato, o que veio a se confirmar um quadro de covid-19.
Este domingo, a mãe, enfermeira de profissão, procurou a Televisão de Cabo Verde para denunciar aquilo que considera de “descaso” e “descuido” para com o filho, que apesar dos sintomas, inflamações nos membros e dores, só foi transferido para o HAN na sexta-feira, 14, após uma hemorragia digestiva.
Por este motivo, Geralda Ramos atribui aos colegas a responsabilidade pelo estado de saúde do adolescente e diz que, caso o mesmo vier a falecer, não será por covid-19 mas por falta de cuidados atempados.
Histórico
De acordo com aquilo que esta mãe contou à TCV, na sequência de alguns sintomas relatados pelo filho desde o dia 06 de Agosto, ligou para a linha verde 80011 12 na tentativa de receber alguma assistência do médico, mas tal não foi possível.
Por isso, deslocou-se ao HAN onde o filho recebeu “o pronto atendimento”. Realizado o teste rápido com resultado positivo, foi submetido ao teste de PCR e mandado para casa.
No dia 10 de Agosto teve de regressar ao hospital devido ao aumento das queixas, nomeadamente dores no peito, tendo recebido a confirmação da infecção pela covid-19.
Com a experiência a cuidar de doentes com covid-19 no Hospital da Trindade, Geralda Ramos teria pedido que o filho fizesse isolamento domiciliar, sob os seus cuidados, pedido entretanto negado.
“A médica me aconselhou que, dados os sintomas, era melhor ficar no isolamento institucional, com acompanhamento médico. Eu como profissional entendi”, explicou.
Obrigada a ficar em casa enquanto aguardava os resultados dos testes a que a família também foi submetida, a mãe manteve contacto com o filho por telefone, e, segundo disse, o mesmo vinha relatando pioras no seu estado de saúde, versão que não era confirmada pelos profissionais de saúde, que diziam que o jovem estava bem e que os doentes costumam exagerar.
Segundo a enfermeira, o filho veio a piorar, com um quadro de vómito, e contou com a ajuda de um outro paciente, que teve de se dirigir pessoalmente à enfermeira solicitando assistência ao Fábio.
E, segundo conta, foi um paciente, também em isolamento, que a alertou para o estado de saúde de Fábio, e da necessidade do mesmo ser visto por um médico.
Fábio Ramos foi transferido para o HAN na sexta-feira, onde foi diagnosticado com hepatite.
“O meu filho pediu ajuda, os pacientes viram que precisava de ajuda. Ele estava com olhos amarelados, com braços inflamados, lado direito de coxa inflamado e os enfermeiros de serviço não viram que ele necessitava de ajuda”, questionou a mãe.
Delegacia de saúde incontactável
O A NAÇÃO tentou contactar a Delegacia de Saúde Praia, responsável pelo hospital de campanha onde Fábio estava internado mas tal não foi até agora possível. Segundo informações prestadas, o Director, Odair Carvalho, encontra-se de baixa médica e a delegada também está ausente. Há uma médica responsável, mas em todas as tentativas de contacto, foi-nos dito que a mesma encontrava-se “ocupada”.
Esta segunda-feira, 17, à tarde, foi confirmado pelas próprias autoridades sanitárias que a Delegada de Saúde da Praia contraiu também a Covid-19.