Por: Alex Semedo
1– “Xatiadus”
Já vem de trás, o “xatiamento” dos operadores/agentes económicos.
Só que estava nos bastidores.
Aliás, em surdina, há muito, muito tempo.
Como que numa panela de pressão.
Veio à ribalta, nestes últimos tempos.
Para se ser mais exacto, nestes tempos pandémicos.
Que, em Cabo Verde, começou, oficialmente, com a notificação do primeiro caso, no tal azarado e maldito dia 19 de Março.
Com as medidas anunciadas, com pompa e circunstância, pelo Palácio da Várzea, de que “estamos preparados” e que há soluções para tudo, rebrotou alguma esperança nos operadores/agentes económicos.
Mas…(quase) foi nado-morto.
Sol de pouca dura.
O que parecia ser…até ainda, não se consumou.
Os tempos foram passando e…a realidade veio ao de cima.
Que nem o azeite na água.
Nesta quarta-feira, dia 12 de Agosto, da Era de Nossenhor Jesus Cristo, o actual “Patrão” dos operadores/agentes económicos de Sotavento,“Scapa”, aliás, Jorge Spencer Lima – de seu nome de registo! -, “xatiadu si!”, denunciou nas antenas da Rádio Pública – aquela que é sustentada com a pecúnia de todos nós! -, de que ele e seus pares estavam fartos dos incumprimentos feitos pelo Palácio da Várzea, no marco do Estado de Emergência e subsequentes.
Ele que é tido – por alguns! – como “radical”, não está só no “xatiamento”.
No encalacramento do Executivo.
O também “moderado” Brás de Andrade (na Praia) e o Américo (no Sal), afinam, também, pelo mesmo diapasão de “Scapa”, que, além, de presidente da Câmara do Comércio de Sotavento, é “big-boss” de uma das conhecidas empresas de Construção Civil desta Praça.
Esconjurando a chantagem, avisam que milhares de almas – na maioria delas, chefes-de-família! -, estão a caminho do desemprego.
Quase que, como lembrete à narrativa do Executivo, de que quem cria e dá empregos são os privados.
E jamais o Estado.
Mas…
Como dizia o outro, “em casa onde não há pão…todos ralham, mas ninguém tem razão”, nós, que pouca literacia da Economia temos, entendemos que todos os “fidjus di criston” – ou não! -, devem contribuir para “aguentar” o “Estado – não o muito gorduroso!
Consoante a nossa posse.
Aliás, rendimentos.
É que o Governo disse, aí há tempos, que nem todos os operadores/agentes estavam honrando os seus compromissos.
E que é, por isso mesmo, que só alguns poucos, estavam a chegar ao “pote” anunciado.
Até porque, dinheiro, é coisa que Cabo Verde tem, “à-vont’s!”.
Ou seja: “que nunca mais acaba”.
Agora…
Para pôr a mão nele…é preciso engenho, arte e…
Que seja o que Deus quiser.
E arre!!!
Cruz credo!
Que vá pr’o diabo, o quanto antes, este maldito, “prindante”, oportunista, invisível, mas….”democrata” também, este tal de COVID-19.
De contrário, vidas mais se perdem, famílias se desmoronam, novos órfãos e deserdados da sorte aparecem – ficarão a cargo de quem? -, aumenta o batalhão de desmpregados, entre outras milhentas que tais…
Nunca é tarde.
Estamos – todos, mas, todos mesmo! – ainda a tempo de brecar muitas posturas desacertadas.
Para nos desencalacramos.
Antes que seja tarde…muito e…muito tarde demais.
Acção precisa-se!
Narrativas, não.
2– Preocupante
“No melhor pano cai a nódoa!”.
Lá diz o adagio popiular, com aquela sabedoria infinita e….eterna também.
Lá onde poucos esperavam, eis que COVID-19, aquele maldito, invisível e “pindante virus, ataca.
Os hospitais, dizem os literatos da Saúde, são sítios de risco.
Eles lá têmnas suas razões, teses e argumentos – emgula-se ou não!
Podem até estar acertos.
Mas…
Que vai lá “buscar” a saúde – como eu e, de certeza, muitos outros mortais! -, acredita que é seguro e que estava bem respaldado.
Desengane-se…
Depois da Trindade, onde de uma só assentada reportou-se (quase) 30 contaminados pelo novo Coronavírus, é, agora, a vez do maior Hospital de Cabo Verde – que leva o nome do político-poeta-médico, “Dr. Agostinho Neto” -, baseada na Cidade-Capital do País.
Nem os médicos escaparam à saga.
Que, oficialmente, já ultrapassam os 60.
Globalmente, contas de todo Arquipélago, davam conta de que, na quarta-feira, 12, atingiu-se a barreira dos três mil infectados, dos quais 33 já morreram.
Oficialmente, também, foi o sítio onde um presidiario, da Cadeia Central da Praia, pegou o virus e levou para São Martinho, contando-se, até terça-feira, 11, nove covídicos.
Pró-actividade precisa-se!
Assim como cuidados e responsabilização…também.
Antes que seja tarde…muito tarde demais.
Para nosso descontentamento.
E direito à indignação…
3– Apelo
Já são tantos!!!
Mas…
Vem mais um.
Nunca é demais.
É que conselhos, apelos, implorações e…caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém.
Desta vez, vem da parte da presidente do INSP (Instituto Nacional de Saúde Pública), Maria da Luz Lima – que já foi, também, directora-geral Saúde.
Na sequência do rompimento da barreira das 30 mortes, por Sars-Cov2, ela apela – quase a modos de imploração! -, uma vez mais, aos cabo-verdianos – todos mesmo! – a reflectirem-se sobre os males da doença que não olha a quem e que já ceifou a vida de mais de 30 almas.
“No dia 1 de Agosto tínhamos, no País, 24 óbitos. Dez dias depois, já estamos 32 mortes. Estes números devem levar-nos a reflectir e, realmente, ter uma consciência de que a COVID-19 é uma doença muito grave, muito séria e que há necessidade de se tomar as medidas preventiavas, São actos simples, mas que fazem a diferença”, clamou Lima, na segunda-feira, 10, no habitual Encontro com os jornalistas, advertindo que os prosfissionais da Saúde – “pessoas que estão na linha da frente!” – também estão expostos ao novo Coronavírus e que muitos deles já foram infectados.
Como prevenir á o melhor remédio, cada um de nós deve fazer a sua parte.
Não custa muito.
Mas…“faz a diferença”!
4– Desacerto…
Caiu que nem uma bomba.
Daquelas bem potentes.
Desde segunda-feira, 10 – dia do Mártir São Lourenço, outrora celebrado com festas de arromba nos Órgãos (no interior de Santiago) e numa das freguseias do mesmo nome, na Ilha do Fogo -, que é obrigatório o uso de mascaras faciais, na via pública.
Só que intencional e/ou por distracção, a restrição não figura na listagem das medidas tomadas em Conselho de Ministros – e não por Assembleia Nacional! -, e publicadas no Boletim Oficial do dia 7, no marco de mais esta prorrogação do Estado de Calamidade, que vai até finais de Agosto.
Pode violar a Constituição da República.
Muitos leigos questionam a nova lista de restrições.
Desses, pode-se, até, nem se dar ouvidos.
Mas…
Os argumentos consistentes vêm de Hernâni Soares, bastonário da Ordem dos Advogados de Cabo Verde.
“Não se pode impôr tudo o que quisermos às pessoas, quando a Constituição da República diz, claramente, que só num Estado de Excepção é que se pode fazer essas restrições”, sustenta Soares, que reclama um pronunciamento do Presidente da República e uma justificativa do Palácio da Várzea.
A contestação do bastonário alonga-se, também, à proibição de festas e convívios em residências particulares.
Neste particular, Soares entende que, de certa forma, dá-se o aval para se “violar a habitação das pessoas”.
E agora?
Em que ficamos?
Corrige-se a falha ou…
Cá estamos para ver.
No batente.