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Política

Alex Saab quebra silêncio em carta aberta ao primeiro-ministro de Cabo Verde

“Sou obrigado a escrever-lhe por causa da grande injustiça cometida contra a minha pessoa”, começa por redigir Alex Saab, numa carta aberta endereçada a primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva.

Este empresário colombiano, tido como enviado especial do governo da Venezuela, e detido em Cabo Verde, afirma, na mesma missiva que lhe foi “negado” o direito a uma audiência e que sua equipa de advogados “não tiveram acesso” à acusação do Ministério Público, “algo sem precedentes na história legal de Cabo Verde”.

Perante a alegada “negação” do seu direito de poder prestar declarações junto do Tribunal, Alex Saab decidiu “romper o seu silêncio” através de uma carta manuscrita desde a cadeia na ilha do Sal, onde se encontra há dois meses, na sequência da sua detenção após a execução de um mandato internacional da Interpol, por alegado envolvimento num caso de lavagem de capitais.

Nessa carta, Alex Saab faz uma retrospectiva da sua vida profissional e responde às acusações dos Estados Unidos da América (EUA) que lhe interpuseram uma acção, que o mesmo considera tratar-se de um “processo político”, com vista a derrubar o governo venezuelano.

Saab é duro em relação às acusações dos EUA quem acusa de ter vestido o uniforme e auto declarar-se “polícias do mundo”.

“Os EUA assumiram publicamente o seu objectivo fazer cair o actual regime da Venezuela e, para concretizar esse objectivo, brutalizou as suas gentes e a sua economia, sem importar com as consequências. O seu desejo é estender as suas pretensões de forma extraterritorial vai contra todas as leis internacionais e não existem precedentes nos nossos tempos”.

Sobre as acusações dos EUA feitas contra ele, Alex Saab diz que “me acusaram” sem apresentar a “mínima prova contundente” ou “evidências” de presumíveis crimes, cuja única conexão com os EUA “é a existência de pagamentos realizados através de contas bancárias norte-americanas”.

“Pagamentos que eu não realizei pessoalmente e que eram obrigações contratuais ou facturas de carteiras de crédito para os quais nos ofereceram métodos alternativos de pagamento”, explica.

Segundo o subscritor da carta, essas acusações já foram investigadas duas vezes, no Equador e na Venezuela, e foram “desestimadas”.

“Como agradecimento por cumprir com as minhas obrigações e contratos, em abril de 2018, Venezuela reconheceu a minha contribuição nomeando-me enviado especial, com imunidade diplomática e os privilégios inerentes à essa
posição”, esclarece.

Este empresário realça ainda, na sua carta, que, dada à sua atitude “vingativa” da “Casa Branca”, perante o governo venezuelano, lhe foi incumbida a faculdade de negociar com governos estrangeiros e empresas privadas, como forma de criar  novos canais para obter e entregar “os muito necessitados” alimentos, medicamentos básicos e peças de reposição para a indústria do petróleo.

“É por isso que, quando me detiveram de forma ilegal em Cabo Verde, no dia 12 de Junho, estava de viagem para o Irão numa missão especial humanitária sob o título de enviado especial, com imunidade completa segundo o direito
internacional”.

Conforme Alex Saab, quando o avião que o transportava para levar a cabo essa missão fez uma escala técnica em Cabo Verde, um oficial, que “não se identificou”, mas que “falava um inglês perfeito” o “forçou” a descer da aeronave
diplomática usando um alerta vermelho da INTERPOL “como pretexto”.

“Eram 20:00 em Cabo Verde, 23:00 em Lyon, donde se encontra a base da INTERPOL”, lembra Alex Saab afirmando que o alerta vermelho “não foi emitido até o dia 13 de Junho. Por isso, considera que “basicamente fui sequestrado”.

Saab relata ainda na sua carta que durante os dois primeiros dias da sua detenção foi colocado numa cela “sem comida e sem luz”.

“Durante este período, um funcionário insistiu “firmemente” em que eu deveria assinar a minha ordem de extradição voluntária, ao qual neguei”.

Desde esse momento, conforme a carta, Alex Saab foi colocado numa cela com condições “infra-humanas”, apesar de ter apresentado provas “claras e inequívocas” de padecer de “sérios” problemas de saúde.

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