O programa Em Palco 100 Artistas, do Ministério da Cultura e Indústrias Criativas, continua a causar indignação no seio de artistas que, até agora, não viram o valor cair na sua conta.
Josimar Pina , músico, intérprete e compositor, actuou no palco virtual por duas vezes. Na primeira fase, o pagamento demorou cerca de três semanas, o que, segundo diz, já desvirtua aquilo que era o objectivo do projecto.
Numa segunda fase, cuja actuação aconteceu no dia 30 de Junho, o músico volta a enfrentar o mesmo problema, só que, desta vez, já se passou mais de um mês.
Indignado, o jovem questiona de que forma o programa pode ajudar os artistas que se viram sem meios de rendimento durante a pandemia, quando não consegue efectuar um pagamento de “apenas” 10 mil escudos a tempo.
“Da última vez foram exigidos muitos documentos, eu entreguei tudo. Tenho entrado em contacto com eles para saber do pagamento mas nunca têm uma data. Dizem sempre que o processo está em andamento”, explica, dizendo não compreender como é que o Ministro Ulisses Correia e Silva diz que a cultura é um bem essencial quando não consegue pagar 10 mil escudos pelo trabalho de um artista.
Para Josimar Pina, este processo tem sido “vergonhoso”.
“Dez mil escudos não chega para nada, para quem tem renda para pagar, despesa de luz e água. Mas pelo menos podemos comer e ter algo para os nossos filhos. Eu, por exemplo, tenho dois filhos”, avança o músico.
Josimar diz, no entanto que, a esta altura, alguns estabelecimentos já começam a solicitar os serviços de música, embora ainda de forma tímida e a um preço inferior ao habitual.
“As actividades ainda são poucas mas pelo menos já começamos a trabalhar uma ou duas vezes por semana. O caché, entretanto, já não é o mesmo”, explica o jovem, que diz ainda que, se antes recebia oito mil escudos por 2h de música agora só recebe três ou quatro mil escudos.
Este não é o primeiro artista a se manifestar contra a demora no pagamento do cachê dos shows.
No início do mês de Julho outros artistas procuraram o A NAÇÃO para denunciar a situação. Na altura, o MCIC garantiu que a verba, de um milhão de escudos, já se encontrava disponível, mas que o processo estava a seguir os trâmites normais no Ministério das Finanças.
O mesmo explicou ainda que ” tem agido sempre de boa fé e informando todos os participantes sobre o processo de pagamento”.
NA