O outdoor em questão, baptizado com o nome de “Vergonha”, exibe os rostos dos deputados eleitos por São Vicente, que votaram a favor ou se abstiveram da votação do Estatuto Especial para Praia.
“Estamos hoje, pela primeira vez, a sofrer uma censura directa nesta ilha. Uma empresa que controla todos os Outdoors deste país, com sede na cidade da Praia, manda uma missiva proibindo a colocação do Outdoor VERGONHA em São Vicente…Estamos perante o cúmulo dos cúmulos da usurpação de prorrogativas de entidades estatais por uma empresa privada”, denúncia o Movimento Sokols-2017.
Procurado pelo A NAÇÃO, o líder do Movimento Sokols-2017, Salvador Mascarenhas, disse que uma das primeira justificativas, utilizada pela Logo Print, para não colocar o outdoor, foi de que não se podia colocar nada relacionado com a política por já se estar nas vésperas das eleições.
Com o apoio da sua advogada, a Sokols-2017 contra-argumentou, dizendo que não se tratava de um cartaz com natureza de campanha, pelo que a empresa deveria fundamentar com base em argumentos legais.
“Posteriormente deram-nos o preço e os outdoors disponíveis. Fizemos o pagamento às 14h de sexta-feira (17) e não nos responderam mais, sendo a sequência anterior de emails com resposta rápida. Com a prova de pagamento, a Multitons que nos prestava o serviço de impressão e que por gentileza ofereciam a colocação, avançaram”, explica Salvador Mascarenhas.
Entretanto no domingo, quando a Multitons procedia a colocação do referido outdoor, o responsável da empresa Logo Print, em São Vicente, terá aparecido no local para proibir a sua montagem, ameaçando chamar a polícia.
Segundo Mascarenhas, após uma ligação a empresa, esta disse que tinha que ser ela a colocar o outdoor, mediante o pagamento de 10 mil escudos. O Movimento Sokols-2017 mostrou disponibilidade para efectuar o pagamento e consequentemente a colocação, pelo que terá uma vez mais recebido uma recusa.
“Não aceitaram e vieram com o argumento depois que as placas que já estavam iriam ser guardadas para se fazer campanha daqui a dois meses, o que é absurdo em termos de marketing. Disseram que nos davam uma resposta hoje e ontem reafirmaram que aquele outdoor estaria livre. Mas há uma manifesta má vontade e se não tivéssemos avançado eles decerto não iriam aplicar”, acrescenta.
Segundo Salvador Mascarenhas, a empresa em causa possui o monopólio do sector dos outdoors e portanto se dá ao luxo de proceder a seu belo prazer na gestão desse recurso comunicativo.
Por seu turno, o sócio-gerente do Logo Print disse que a estrutura do outdoor foi invadida sem autorização e daí a proibição da sua colocação.
“A empresa Multitons contactou-nos para colocar um outdoor, então mandamo-los o orçamento e disseram que faziam a impressão. Normalmente quando nós fazemos a impressão, não cobramos a colocação, porque já é incluído. E nas nossas estruturas quem tira e coloca os outdoors somos nós. Não mandamos ninguém para ir fazer aquele trabalho ali. Invadiram a nossa estrutura e tiraram a nossa estrutura de lugar e a imagem de um cliente. Limparam a chapa sem autorização”, diz Gerson Silva.
A Logo Print considera grave a “invasão da estrutura” está neste momento a ponderar os próximos passos. Neste sentido a colocação ou não do outdoor vai depender de uma reunião entre Gerson Silva e o seu sócio na empresa.
“O problema agora já não é pagamento. O problema é que apanharam uma coisa privada e estragaram, quando estava lá a imagem de um cliente. Nós nunca fomos contra a colocação do outdoor. Eu e o meu sócio agora estamos a ver o que iremos fazer porque neste momento isto não pode ficar assim. O que fizeram foi gravíssimo”, conclui.