O movimento Labantá Djarfogo, recentemente criado pela sociedade civil foguense, denuncia o que considera de “lamentável situação económica da ilha” e reclama a implementação de medidas para que o Fogo possa reconquistar o lugar outrora alcançado no contexto nacional.
“Fogo é neste momento uma ilha sem competitividade em relação às outras ilhas que a deixaram para trás. É lamentável ver a actual situação económica da ilha que todos os dias perde as suas gentes que procuram sortes noutras paragens”, diz António Félix Lopes, originário dos Mosteiros e um dos promotores do movimento Labantá Djarfogo (Levantar a ilha do Fogo).
António Félix Lopes, que residente na ilha há mais de três décadas, recorda que, “outrora, a ilha foi referência cultural, política, social e económica no contexto nacional, mas que há muito perdeu o estatuto do terceiro lugar para o desespero e infelicidade das suas gentes, residentes ou que vivem noutras paragens”.
Conforme alertou António Félix Lopes, a ilha, que já foi “airosa e grandiosa, uma das mais respeitadas e prestigiadas do país, é hoje, uma ilha à busca do paraíso perdido”. A Ilha do Vulcão, lamenta, “atravessa momentos preocupantes para o futuro” porquanto todas as estatísticas apontam para cenários pouco encorajadores que desmotivam os cidadãos residentes, sempre à espera de que o dia de amanhã será melhor.
Para os promotores do movimento Labantá Djarfogo, sem um aeroporto e um porto condignos, que são infraestruturas básicas, não se pode falar de desenvolvimento da ilha do Fogo. Assim, consideram inadmissível que os vários poderes locais não tiveram em conta o futuro da ilha e da cidade de São Filipe.
“É chocante ver outras cidades ligadas a redes de esgotos e São Filipe ainda não”, desabafa António Félix, considerando que a ilha encontra-se inserida num bloco de ilhas esquecidas sem o direito de sonhar com a prosperidade e desenvolvimento, tal como as demais ilhas do país.
Interesses do Fogo em primeiro lugar
Labantá Djarfogo é um movimento da sociedade civil criado por um grupo de foguenses, sobretudo residentes, preocupados com aquilo que chamam de descaso das autoridades governamentais em relação ao processo de desenvolvimento da ilha. O seu surgimento é o resultado da análise e constatação de que o desenvolvimento da ilha, sucessivamente adiado, atravessa momentos preocupantes para o futuro que todos almejam.
O movimento visa defender os interesses da ilha, garantir o seu desenvolvimento sustentável e reconquistar o lugar, que no passado, ocupava no contexto nacional. Para tal defende que os interesses do povo e da ilha devem estar em primeiro plano, contrariando a lógica actual em que os interesses pessoais e políticos sobrepõem-se aos do desenvolvimento desta parcela do território nacional
Contribuir para que a ilha não continue a ser “objecto de troça e tchacota” por parte de vários governos que estiveram no poder ao longo dos anos é outro dos propósitos que nortearam o surgimento do movimento.
Os integrantes do movimento esperam contar com a contribuição de todos os residentes na ilha e nos demais pontos do país e na diáspora, porquanto consideram que já é hora da ilha do Fogo, em geral, e São Filipe, em particular, acordarem e não mais calarem-se perante o que consideram de “situação caótica e de descalabro” a que se chegou.