Conforme A NAÇÃO apurou, além do busto, um livro de “Abílio Duarte, discursos 1975-1991” também está encaixotado há mais de três anos no Parlamento.
Nem o 45º aniversário da independência nacional serviu de pretexto para desencaixotar o busto de Abílio Duarte, que está abandonado há mais de quatro anos nas traseiras do Palácio da Assembleia Nacional.
O busto do presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP), entre 1975 e 1991, foi mandado construir pelo penúltimo presidente do Parlamento, Basílio Mosso Ramos, que decidiu adiar a colocação do mesmo, na parte frontal da casa parlamentar, para depois da conclusão das obras de requalificação do Palácio.
Descaso de Jorge Santos
As obras foram concluídas, deu-se a mudança da maioria parlamentar, e o busto de Abílio Duarte continua guardado num caixote depositado nas traseiras do Palácio da Assembleia Nacional, perante o descaso do actual presidente Jorge Santos, que, conforme uma fonte bem posicionada, não está minimamente interessado em dignificar a história do Parlamento. “A prova disso foi o desmantelamento do museu criado durante o mandato de Basílio Ramos”.
Conforme A NAÇÃO pôde apurar, para a confecção do busto de Abílio Duarte, a administração do Parlamento desembolsou mais de dois mil contos.
Também, o actual Parlamento nunca se dignou lançar o livro “Abílio Duarte, discursos 1975 -1991”, que foi editado em Fevereiro de 2017, com uma tiragem de 500 exemplares.
Djopan pede uma estátua “elegante e digna”
Por coincidência, ou ironia, o empresário e antigo deputado nacional eleito pelo MpD, por Santo Antão, José Pedro Chantre de Oliveira (Djopan), publicou um texto, no dia 5 de Julho, no A NAÇÃO online, pedindo uma estátua para o antigo presidente da ANP e proclamador da independência de Cabo Verde.
“Assim como pedi, há algum tempo, um monumento para Boca de Figueiral (Coculi, Santo Antão) como marco do tristemente célebre 31 de Agosto, hoje, deixo aqui um pedido solene de uma estátua ao Abílio Duarte, o proclamador da Independência Nacional de Cabo Verde que, nesta data, orgulhosamente celebramos”, realça.
Djopan pede uma estátua “elegante e digna” de Abílio Duarte, à frente do também “belo edifício” do Parlamento cabo-verdiano, “onde ele fez história sobretudo na passagem da presidência da Mesa da Assembleia vinda do regime monopartidário para o da pluralidade, num ato nobre e de elevado sentido de estado”.
“Manter a dignidade e o aprumo, após a derrota, quando todos os deuses, incluindo os seus, abandonam o combatente, e mais, fogem dele, é característica reservada apenas aos grandes. São esses os verdadeiros e grandes Ganhos que têm transmitido a nós e aos nossos parceiros de caminhada, a credibilidade e a viabilidade destas escarpadas e castanhas ilhas a que alguém resolveu chamar de Verde, por influências outras que
não à da exterioridade perceptível”, enfatiza José Pedro Oliveira.
Este cidadão diz esperar que a sua sugestão seja interpretada “com o mesmo sentimento de nacionalismo que move o proponente e que os partidos políticos tenham a sabedoria de conceder a voz à sociedade civil para mais esta ação de
cidadania com o intento de dar à capital do país uma estátua de um filho da Praia de dimensão nacional e de pensamento universal”.
Este jornal tentou ouvir a versão do presidente Jorge Santos sobre a proposta do seu conterrâneo e os demais assuntos deste artigo, sem sucesso.
DA
*Notícia publicada na edição nº571 do jornal A NAÇÃO