A ilha do Fogo, segundo aquele cidadão e empresário, não vai bem do ponto de vista económico, porque sem as duas infraestruturas básicas – porto e o aeroporto – o seu desenvolvimento está comprometido.
“A economia do Fogo se baseia em dois polos, agricultura e turismo. Neste momento, com a paralisação dos voos por causa da Covid-19, a situação é cada vez mais difícil”, salienta.
Os operadores económicos queixam-se porque o porto não oferece as condições mínimas para o desenvolvimento da ilha e as mercadorias, muitas vezes, ficam na Cidade da Praia e tudo isso constitui constrangimento para a economia da ilha.
“No que toca à economia, parece que no passado a ilha esteve melhor. É só ver que os empresários do Fogo eram donos de grandes navios que navegavam nos mares de Cabo Verde. A ilha tinha uma dinâmica empresarial muito forte, hoje é o que se vê. A saída de empresários para outras ilhas, nomeadamente Santiago, foi devido à falta de condições para investirem na ilha natal”.
A título de exemplo, Félix Lopes aponta que transportar um contentor da Cidade da Praia para São Filipe é mais caro que trazê-lo de Lisboa para Praia, porque o porto de Vale dos Cavaleiros não tem condições para receber navios de grande porte, ou mesmo navios de cruzeiro, para tirar proveito do potencial turístico natural que é o vulcão.
“Há uma falta de visão estratégica para aproveitar as potencialidades e imprimir um desenvolvimento da ilha”, salientou o representante da Câmara do Comércio, para quem “não se pode falar do desenvolvimento de uma cidade nas condições em que ela se encontra neste momento”.
Para aquele responsável, é triste e lamentável circular pelas ruas de São Filipe, que não tem nada a ver com São Filipe de outrora, que era dinâmica, até culturalmente.
“A nível cultural não há uma política, uma agenda que seja, as pessoas estão desiludidas com a sua própria cidade que, outrora, tinha uma sociedade civil empolgante, empreendedora, que orgulhava todos os seus habitantes”, conclui.