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Opinião

COVID-19, regras comportamentais integradas à globalização

Por: José Valdemiro Lopes

O governo, tinha fixado como meta de crescimento, um PIB a 7%; a verdade é que, com esforços e méritos conseguiu, ultimamente, alcançar e atingir o valor 5%; naturalmente, um ganho satisfatório comparado com o baixo nível, sempre á volta de 1%, herdado de quinze anos de governança, do regime político anterior, que tinha prometido “o milagre” de um crescimento a dois dígitos …

O ano de 2020 começou bem, para Cabo Verde, mas o “subdesempenho” causado pelo novo coronavírus, com implicações socioeconómicas evidentes, “desprogramou” as possibilidades de se atingir, objectivos programados. O PIB permanece normativo e depende das múltiplas implicações econômicas e incertezas ligadas ao desenvolvimento da epidemia e da evolução da situação econômica e comercial do mundo, que tem também impacto imediato nesta economia de subdesenvolvimento dependente e global, afetada por uma séries de factores difíceis de serem previstos.

Não podemos dissociar, os termos coronavírus e globalização, eles são inseparáveis, salta a vista, que não poderíamos falar de uma pandemia se não fosse a capacidade facilitadora que um mundo interconectado forneceu ao vírus para se espalhar. Mais de cento e quarenta países ao redor do mundo são hoje afetados por esse mal fadado vírus …

Apesar das tentativas de isolar e conter o surto no ponto de partida, Wuhan, China, a força expansiva de um mundo globalizado tornou esse esforço inútil. A lição a tirar, da propagação, veiculada, por esta pandemia é o próprio sucesso da globalização na sua tentativa de acabar com as distâncias e integrar os seres humanos das mais diversas latitudes, conjuntamente…, O primeiro caso oficial de infecção, conhecido, nestas ilhas, foi importado e aconteceu na Boa Vista, ilha turística por excelência por isso mesmo aberta e integrada ao mundo…

Cabo Verde, conheceu no seu percurso várias crises e epidemias: fomes, paludismo, dengue e outros mais flagelos, “geolocalizados” do século passado, exclusividades dos países do sul, os mais pobres, os subdesenvolvidos, que, também, independentemente desta nova pandemia, sofrem, na pele, os efeitos devastadores, do desregulamento climático global que, associados aos males do covid19, não convidam ao optimismo e abre a ideia da necessidade de “instalação” de uma nova ordem mundial diferente daquela que existia antes desta pandemia, do novo coronavirus. Há um indicador que aponta, um elemento diferenciador absoluto: vivemos, todos, os povos e nações neste planeta uma crise global de natureza sanitária, que, insisto, não deixa para trás a grande crise de natureza climática, com implicação no socioeconômico que o covid19, ajudou a marginalizar, relativamente, que é pertinente e global, atingindo a todos e existente, como sabemos, todos, antes do surgimento deste novo vírus, mortal. 

A globalização foi responsável pela disseminação do coronavirus, o reverso da medalha, é que ela é também portadora de expectativas de que a ciência pode controlar esta nova pandemia mortal. Ninguém duvida que a integração e conectividade da comunidade científica internacional, trabalhando na materialização da vacina e medicamentos para debelar esta terrível doença, representa a maior fonte de esperança nesses momentos de profunda angústia…

 A economia cabo-verdiana, depende das remessas enviadas pela diáspora nos Estados Unidos e Europa para suas famílias que ficaram, nestas ilhas e este recurso, representa uma boa percentagem do PIB cabo-verdiano e na sua maioria e essência, é usado para, para cobrir as necessidades básicas (alimentação, saúde, renda de casa, pagamento de propinas, etc. …), tudo indica que esta fonte de receita, sofrerá contração, com efeitos negativos no consumo interno e impacto, provavelmente, no aumento da pobreza, neste país. 

De uma maneira geral, as consequências sociais e económicas da globalização do novo coronavírus são assustadoras e impressionantes e tudo aconteceu com uma rapidez, fora de série pondo em destaque, interdependências acentuadas, a meu ver, pela globalização, modificando, nossas vivências, do socioeconómico, à saúde, mergulhando-nos na multiplicação de riscos permanentes, descodificando um mercado de natureza insular, mas global, que neste momento deve apostar em e instalar, novas soluções suportadas sobretudo, pelas novas tecnologias de informação e comunicação, robótica e inteligência artificial. É a nova era, impondo regras, ideias e comportamentos, umas melhores que outras e também crise a esta jovem nação de nove ilhas, habitadas, essencialmente universal…

miljvdav@gmail.com

(Publicado no A NAÇÃO, nº 667,  de 11 de Junho de 2020)

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