Mais de 50 cabo-verdianos estão retidos nos Países Baixos, Bélgica e França, há cerca de três meses, desde o fecho das fronteiras internacionais por causa da pandemia do coronavírus.
Desanimados, um grupo de cidadãos procurou este jornal para denunciar aquilo que consideram de “descaso e abandono” por parte do Governo cabo-verdiano e das respetivas embaixadas naqueles países.
Dillano Silva, que falava em representação do grupo, conta que chegou na Holanda no dia 11 de Março, para consultas médicas, não pretendendo passar mais de 15 dias.
As fronteiras foram fechadas no dia 18 e, desde então, se encontra “preso” na Holanda com a família, sem data de regresso.
“A cada dia que passa estamos mais desanimados. Para não falar na falta de interesse do Governo e das embaixadas para connosco. Nunca recebemos uma chamada a perguntar se estamos bem”, explica o jovem, que diz que tem contado com o apoio de familiares para se manter na Holanda.
De momento, acrescenta, todos estão com contractos de trabalho suspensos, “o que torna as coisas mais complicadas”.
“Rezamos todos os dias para que nada aconteça connosco porque estamos longe de casa e sem seguro de saúde”, diz, preocupado.
Dillano Silva diz que já tentaram de várias formas regressar a Cabo Verde, mas sem sucesso.
“No dia 15 de Maio teve um voo para repatriar Luxemburgueses retidos em Cabo Verde. Fizemos contacto com o consolado de Cabo Verde na Holanda, com as embaixadas de Cabo Verde e do Luxemburgo e com o Governo, mas nada foi feito”, recorda.
O mais triste, diz, é ver esses voos virem vazios para Cabo Verde. “No Domingo eu tive informações de que haverá mais um voo da França, no dia 20. Mais uma vez entramos em contacto com as embaixadas e até hoje estamos à espera de alguma informação”, lamenta.
Dillano afirma que foram recolhidos os seus documentos pessoais por duas vezes, ambas sem resultado.
Mesmo sabendo que as fronteiras internacionais serão abertas a 1 de Julho, este cabo-verdiano considera que o Governo deve dar “pelo menos” uma explicação, e confirmar quando poderão regressar a Cabo Verde.
NA