A plataforma HBO retirou temporariamente o filme “E tudo o vento levou” do seu catálogo nos EUA, por considerar irresponsável manter a produção sem uma contextualização do tempo em que foi feito e uma denúncia da sua orientação racista.
O filme foi classificado como um “produto do seu tempo”, que retrata preconceitos raciais. Recorda-se que o período histórico na qual se baseia o filme de 1939, bem como o romance original, é controverso na sociedade norte-americana.
“Estas representações racistas eram erradas naquela época e são erradas hoje, e achamos que manter este filme sem uma explicação e uma denúncia dessas representações seria irresponsável”, informou a plataforma, em comunicado.
Ao regressar à plataforma, o filme irá incluir um contexto histórico, não interferindo, entretanto, na forma como foi criado. “Ao contrário seria o mesmo que alegar que esses preconceitos nunca existiram”, clarificou a HBO.
A ação coincide com a decisão de outras empresas, como a Disney, que evitou incluir na sua nova plataforma o filme A Canção do Sul, de contornos polémicos desde a sua estreia, em 1946. O mesmo fez a cadeia de televisão Paramount, que cancelou o programa Cops, protagonizado por polícias dos Estados Unidos.
A retirada do “E tudo o vento levou” chega ainda dias depois de o diário Los Angeles Time publicar uma coluna de opinião, assinada pelo escritor e realizador norte-americano John Ridley, na qual solicitava a medida, alegando que a história “glorifica” a escravatura, ignora os horrores e perpetua os estereótipos mais dolorosos para as “pessoas de cor”.
Passado durante a época da Guerra Civil americana, o filme e o romance que lhe dá origem retratam um capítulo ainda controverso na sociedade norte-americana, quando os estados do Sul, esclavagistas, entraram em guerra e tentaram separar-se dos do norte, abolicionistas.
C/ Diário de Notícias