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Covid-19

“Um povo que não é dono da sua economia não é dono de nada” – Zandir Santos

“Somos apenas mão de obra, sem independência económica. Um povo que não é dono da sua economia, no seu próprio pais, não é dono de nada.”

A ideia é defendida pelo jovem activista Zandir Santos, que, em 2019 esteve à frente do movimento #NADA, contra a exploração nas alfândegas de Cabo Verde.

Ao mostrar uma montra vazia de mais uma loja que sucumbe à crise económica causada pela pandemia do coronavírus, em Mindelo, Zandir Santos diz apostar que o espaço, situado num local privilegiado, dará lugar a mais uma loja chinesa.

A antiga loja de artesanato africano, está posicionada ao lado de um dos maiores hotéis no centro da cidade.

“Já vi isso acontecer com vários espaços, boutiques cabo-verdianas que fecham as portas e dão lugar a uma loja chinesa” explica o jovem, que caracteriza o Governo como sendo “anti-cabo-verdianos”.

Para Zandir, se tem uma coisa que nenhuma ilha de Cabo Verde precisa neste momento é de mais lojas chinesas.

“Já são tantos, que os cabo-verdianos não conseguem concorrer em igualdade. E não é porque são grandes negociantes, mas por causa dos seus preços baixos, da ajuda externa dos seus governos e das isenções do Governo de Cabo Verde”, considera.

O jovem defende, por isso, um comércio de cabo-verdianos para cabo-verdianos, a quem também devem ser dadas oportunidades de crescimento.

“Não tem como fazer concorrência com eles. É mais fácil ver Cabo Verde falir do que uma destas lojas”, indaga, deixando claro, entretanto, que não é contra o comércio chinês, e sim contra a exploração.

Neste “momento difícil”, que é a pandemia da Covid-19, muitas empresas estão a falir no mundo inteiro, e Cabo Verde, segundo Zandir, um país altamente dependente do turismo, não fica de fora.

“Como o Governo está a ajudar um cabo-verdiano que não é mais do que uma mão de obra, que trabalha 160 horas por mês para receber 15 mil escudos”, questiona.

A economia de Cabo Verde, conclui, pertence aos cabo-verdianos. Seja no país ou no estrangeiro. “Precisamos retomar a nossa economia. Somente assim seremos um povo verdadeiramente livre, e não escravos económicos de terceiros”, defende.

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