Por: Alex Semedo
1- Sem saudades!
Fina o último prolongamento – o terceiro! – do Estado de Emergência – EE – em Cabo Verde –, o primeiro na História deste País, independente a 5 de Julho de 1975.
É a Liberdade reconquistada – que bela e benquista sensação! -, malgrado, ainda, algumas restrições vigentes na pauta.
O fim do EE é, também, a retoma gradual à tal “nova e possível normalidade” – que temos de passar a interiorizar e convivenciar! -, se queremos, de facto, dobrar estes tempos covídicos do novo Coronavírus.
A justificar a queda do EE, começado a 29 de Março, em todo o País – mas que, caindo aos poucos, só vigorava na Ilha de Santiago até às 24 horas desta sexta-feira, 29 -, o Presidente da República – PR -, Jorge Carlos Fonseca, justifica a sua decisão com o facto da situação epidemiológica estar “estacionária”.
A boa-nova do PR chegou após um colectivo que teve, na quinta-feira, 28, com o Primeiro-Ministro, os ministros da Saúde e da Administração Interna e o director Nacional de Saúde, consagrado à avaliação do terceiro estádio do EE.
Que, verdade-verdadinha, não deixa saudades.
Fonseca recomenda, porém, a uma caminhada “com prudência”, responsável e a um levantamento progressivo das restrições em Santiago, até se chegar a uma situação de normalidade.
“O PR confia no senso da responsabilidade dos cabo-verdianos e creio que continuarão a manter e a reforçar este sentimento de responsabilidade individual, para que possamos dar sempre passos em frente”, disse à Imprensa, sustentando, todavia, que não existe nenhum limite constitucional para que não renovasse o EE, caso a situação assim o aconselhasse.
Cauteloso, o PR sustenta que, nessas matérias, “não se pode dar garantias absolutas de nada”, mas que recebeu “informação pormenorizada da evolução das diferentes semanas epidemiológica”, ancorados em critérios da OMS – Organização Mundial da Saúde -, pelo que, não havendo nenhum factor extraordinário, “a situação é estacionária, com uma eventual tendência decrescente”.
No entendimento de Fonseca, a última prorrogação do EE foi o barómetro e “uma etapa de estágio para ver como as pessoas regiam” à situação, bem como as suas atitudes face à COVID-19.
O resultado – releva Fonseca – estimula o Poder Político a fazer uma aposta forte no levantamento progressivo das restrições.
Que – acrescentamos nós! – impõe, clama, reclama, conclama e apela a uma maior responsabilização. A par de uma maior e melhor atenção e…cuidados redobrados. De todos e de cada um de nós. Individual e colectivamente.
Tudo para que não haja retrocessos.,,nem voltas à primeira forma.
Que é sempre mais dolorosa!
2- “Bom combate”
Um Plano de Desconfinamento, “gradual e com algumas restrições, principalmente, na Ilha de Santiago, foi apresentado ao País, pelo Primeiro-Ministro – PM -, Ulisses Correia e Silva, nesta sexta-feira, 29, poucas horas antes do fim do Estado de Emergência – EE -, que “é o fim de um bom combate”, anunciado na quinta, pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.
“A Ilha de Santiago, particularmente a Cidade da Praia, continua com ocorrência de casos positivos da COVID-19. Por esse motivo, mantêm-se em vigor algumas restrições, como a interdição de transportes marítimos aéreos e marítimos de passageiros com origem e destino em Santiago, a interdição do acesso e frequência às praias de mar e a interdição do funcionamento de bares”, listou, avisando que o “fim do Estado de Emergência não é o fim do vírus”. O PM entende que o fim do EE significa “mais liberdade”, mas ao mesmo tempo, maior responsabilidade de cada cidadão, no cumprimento de normas e regras que continuarão a ser exigidas, em ordem a se reduzir a infecção, o contágio e a propagação do vírus.
Correia e Silva saúda Santiago pelo fim do EE, classificando que “é o resultado de um bom combate”, travado, até ao momento, para conter a propagação da COVID-19.
O PM anuncia, para a semana que vem, a aprovação de uma Resolução que cria as condições para a implementação de uma Plataforma Digital de Rastreio de casos positivos de COVID-19.
Tudo alinhado e mirado no “bom combate” contra o novo Coronavírus.
3- Da Emergência à Calamidade…
Findo o Estado de Emergência – a partir das zero horas de sábado, 30 -, Cabo Verde entra, agora, em Situação de Calamidade – SC.
O Palácio da Várzea escuda a sua decisão no estado epidemiológico ainda existente na Ilha de Santiago, que pode ser o rastilho de contaminação para todo o Arquipélago.
Destarte, o Despacho número 76/2020, publicado no Boletim Oficial nº 65, da I Série, dado à estampa sexta-feira, 29, sustenta que a presente declaração de Situação de Calamidade está ancorada no Artigo 20º da Lei nº 12/VIII/2012, de 7 de Março, que aprova a Lei de Bases da Protecção Civil, conjugado com o número 2 do artigo 265º, da Constituição da República de Cabo Verde.
O Documento em tela, lista, pormenorizadamente, as restrições impostas pela SC.
E que não são pucas.
4- Triplicação de testes
Cabo Verde vai triplicar, brevemente, a sua capacidade, passando a testar perto de 600 pessoas/dia.
É que o Laboratório de Virologia do INSP – Instituto Nacional da Saúde Pública -, do Ministério da Saúde e Segurança Social, baseada na Cidade da Praia, recebeu, quinta-feira, mais dois aparelhos, cuja repartição foi feita ainda antes de chegar ao País: um fica na Capital, juntando-se ao que já lá estava – e que não é da primeira água! -, seguindo o outro para São Vicente, que passará a ter o seu primeiro equipamento do tipo. Com a missão de atender, também, as vizinhas ilhas de Santo Antão e de São Nicolau.
“Chegaram dois aparelhos para testes PCR-RT, destinados a reforçar a capacidade do Laboratório de Virologia e, também, reagentes e equipamentos de protecção individual”, garantiu à Imprensa, a presidente do INSP, Maria da Luz Lima, assegurando que os reagentes permite a retoma da actividade do Laboratório, além de “aumentar muito mais a capacidade diagnóstica no País”.
5- Ponto de situação
Cabo Verde lista, até sexta-feira, 406 contaminados, dos quais, 347 em Santiago, repartidos pelos concelhos da Praia (339) – que é, agora, o epicentro da Epidemia no Arquipélago -; São Domingos (quatro); Tarrafal (dois); e Santa Cruz (dois) -; na Boa Vista (56); e São Vicente (três).
Há o registo de 155 recuperados e quatro óbitos, sendo um, turista inglês, de 62 anos, na Ilha da Boa Vista – o primeiro caso em Cabo Verde -; e três, na Praia, sendo: uma nonagenária, um sexagenário e uma cinquentenária.
Os doentes com infecção activa – tranquiliza o Ministério da Saúde e da Segurança Social -, continuam em isolamento e com evolução favorável, exceptuando um paciente que está em estado grave.
6 – Aviso à navegação
“Teste não é vacina” contra COVID-19.
O aviso é oportuno, razoável e pertinente.
E chama à razão, aos que, eventualmente, por excesso de optimismo, sentem-se tentados a atirar foguetes antes do tempo e…sem razões para tanto.
Foi feito em jeito de alerta, esta semana, pelo ministro da Saúde e da Segurança Social, Arlindo do Rosário, numa ronda pelas tendas de “massificação de testes rápidos”, montadas em vários bairros da Cidade da Praia, como uma das (diversas) medidas de operacionalização das directivas das autoridades sanitárias.
“O teste não é vacina contra COVID-19. É preciso que as pessoas entendam. Fazendo um teste hoje, com resultado negativo, não significa que amanhã não possa ter a doença. Portanto, convém manter todas as medidas que vêm sendo recomendadas”, remarcou Do Rosário, para esclarecer que, em caso de “positividade”, deve ser compelementado com PCR, feito em Laboratório.
É por isso mesmo, que a OMS – Organização Munidal da Saúde – não recomenda testes rápidos, já que só indica a situação do rastreado naquele momento. Que, no dia seguinte, pode estar noutra condição. Ou seja: passar de positivo a negativo e/ou…vice-versa.
Porém, uma Equipa Multi-Sectorial está a aplicar testes rápidos na comunidade e a desenvolver acções de sensibilização nos bairros da Praia, desde o começo da segunda quinzena de Maio.
Grosso modo, o governante ficou satisfeito com a postura e o comportamento das pessoas – que acorreram às tendas por onde passou! -, nomeadamente, quanto ao uso de máscaras faciais, no distanciamento (físico) e na higienização das mãos, mas desafiou-as a prepararem-se para “uma nova normalidade” de convivência com o novo Coronavírus, prosseguindo com as medidas de prevenção, enquanto durar esta Pandemia Global.
Que é real. Que também assola Cabo Verde.
E, para o qual, por ora (ainda!), não existe vacina.
7- Elogio…
Comparando Cabo Verde com outros países desta nossa Aldeia Global, o representante da OMS (Organização Mundial da Saúde) avalia que o Arquipélago está a ter “um bom resultado” no combate à COVID-19.
Hernando Agudelo, que estava “no terreno”, na companhia do ministro Arlindo do Rosário, admite que o País “fugiu” ao modelo de cenários – mais pessimistas! –, traçado pela Organização que representa, segundo as quais, presentemente – caso medidas não fossem tomadas! -, poderia haver muitos mais casos e vítimas.
“O trabalho é bastante positivo”, manifesta Agudelo, remarcando “as acções e decisões atempadas” que o Governo tomou.
Fica o registo.
8 – EUA consumam abandono da OMS
Consuma-se o anunciado abandono dos Estados Unidos da América – EUA – à OMS – Organização Munidal da Saúde.
O Presidente Donald Trump, confirmou aos jornalistas, sexta-feira, 29, na Colectiva de Imprensa, na Casa Branca, que os EUA deixam aquela Agência das Nações Unidas para a Saúde, devido ao seu modo de agir e de actuar nesta Crise Global da Pandemia do novo Coronavírus.
Trump revela que o País canalizará o financiamento destinado à OMS para outras iniciativas, que não disse quais.
No entendimento do Presidente norte-americano, a China liderou as decisões tomadas pela OMS, agravada, ainda, pela recente “quebroa” de promessa de garantir a Autonomia de Hong Kong.
A decisão parece mais um capítulo da novela do turbulento relacionamento entre os EUA e a China, cujo rastilho atinge a OMS.
É aguardar pelo próximo capítulo…