Por: Alex Semedo
1– Não é sonho de lunáticos.
COVID-19 é real, existe mesmo e mata.
Já fez perto de 258 vítimas mortais e infectado mais de 3,6 milhões de pessoas (até quarta-feira, 6), em todo o Mundo.
Em Cabo Verde, na nossa barba-cara e exemplo para vermos, apalparmos, analisarmos e não persistirmos na dúvida – se ainda houvesse razão para tal! – , já abeiramos dos 200 infectados, com uns tantos casos suspeitos e, infelizmente, duas mortes a lamentar.
É por essas e outras razões mais, que não se entende como que certos indivíduos desafiam, com alguma altivez, as autoridades instituídas e ameaçam a saúde dos seus concidadãos e a comunidade onde residem e/ou frequentam, com os seus reprováveis – a todos os níveis! -comportamentos.
Por falta de informação não deve ser.
Por ignorância, também não.
Admitamos que fossem… devidas a essas duas razões.
Como “a Lei é cega”, não se deveria dar muitas e tantas chances e oportunidades, principalmente, aos mais que reincidentes de plantão. Que, excepção seja feita, são quase os mesmos de sempre.
Tanto em tempos do Estado de Emergência – coisa nova nos (quase) 45 anos de vida como País independente! –, como nos períodos ditos de normalidade.
Já se (re)disse e mostrado, vezes sem conta – nos mais variados meios de comunicação –, que o novo Coronavírus não anda nem voa sózinho, mas que precisa de boleia humana (principalmente!) para poder se deslocar de um sítio para o outro.
Pelo que, por isso, “o melhor remédio” é o confinamento. Traduzido por miúdos: ficar em casa, “para evitar a propagação de COVID-19”.
E esta (mesma) mensagem de confinamento, (auto-)isolamento, quarentena e ficar em casa já foi e está sendo veiculada – vezes sem conta! – , de diversos modos e maneiras, incluindo pela Linguagem de Sinais.
Tudo com o firme propósito para que ninguém dê aquela esfarrapada desculpa, quando abordada pelas autoridades policiais, de que “não sabia!”, “desconhecia!” e, vejam só esta mais nova prosa: “estou só a espairecer; para sacudir o estresse”.
Ignoram, porém, de que nesta de “sacudir o estresse” pode dar boleia ao invisível e oportunista COVID-19.
E que, em assim acontecendo, infelizmente é o Erário Público – o dinheiro de todos nós! – a suportar os custos para o tratamento. Sem facturar o denodo, a entrega, a abnegação e os sacrifícios consentidos pelo pessoal da Saúde – que são intangíveis! – , acrescidos do padecimento, tristeza e desamparo inflingidos aos familiares e pessoas de suas relações.
Destarte, a postura mais aconselhável, acertada, ajuízada é: ficar em casa.
Por dever-cidadão, devemos tomar tenência, poupar o País e matutar, serenamente, em contributos para vergarmos COVID-19.
Que existe mesmo e… não é invenção de lunáticos!
2– “Desobedientes”.
O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, cognomina de “heróis do equívoco” as pessoas “desobedientes” e desrespeitadoras das instruçőes do Estado de Emergência, em vigor nas ilhas de Santiago e da Boa Vista – desde 3 de Maio – , por mor da Pandemia de COVID-19.
“No meio desta crise, aparecem, amiúde, alguns desobedientes às ordens e instruções fundamentais para o combate, com sucesso, à epidemia “, arvorando-se em corajosos, em gente destemida e ‘livre’, quase heróis”, denuncia o PR, nesta terça-feira, 5, na sua Página no “Facebook”, baptizando-os de “heróis completamente equivocados”, que ameaçam “uma comunidade inteira”.
A crítica, em jeito de desabafo, é pertinente, oportuna, curial e bem justificada.
Tomara que não caia em saco roto e seja ouvida e encaixada pelos desafinados “heróis do equívoco”.
De contrário, como diz o outro, só resta um modo de sair do beco: “quem de direito, que entre em campo”.
3– Nada de “relaxamento”!
Segunda-feira, 4, o director Nacional da Saúde, Artur Correia, manifestou-se apreensivo com o “relaxamento” de algumas pessoas, face ao novo Coronavírus.
Correia apontou mesmo os casos das ilhas de Santiago (em pleno Estado de Emergência) e de Sāo Vicente (“desconfinada” desde às zero horas de domingo, 3).
Se se continuar com este “relaxamento” – alerta Artur Correia – , pode-se descambar para “um aumento considerável de novos casos” de COVID-19, nos próximos tempos.
Nós que nāo somos entendidos na matėria, mas cultivamos a Saúde Comunitária e Nacional, conclamamos os patrícios a nāo “baixarmos a guarda”.
Atė porque, há tempo para tudo…incluindo para irmos à “caraca”.
4– Novo modelo de atendimento procura-se…
Inaceitável!
Nesse tempo de confinamento e de distanciamento físico – não o social! – , é inconcebível e inaceitável que clientes – de quaisquer instituições que sejam! – estejam e percam horas a fio em filas, à espera de vez que parece demorar uma eternidade – muitas vezes, debaixo do inclemente e abrasador sol de Maio (agora!), para serem atendidos.
Não devia ser assim, mas, infelizmente, é o que tem acontecido um pouco por este nosso Cabo Verde afora, a fazer fé e a dar crédito aos ecos que nos chegam, através dos mais variados meios à nossa disposição.
Mais que certo, é o que pessoalmente testemunhamos nesta Cidade da Praia. E por que “só não sente quem não é filho de boa gente”, reforçado pelo dever-cidadão, não podemos engolir em seco o que acontece e está acontecendo, um pouco por todas as instituições financeiras e de prestação de serviços básicos, quais sejam: da água, electricidade, comunicações e outros que tais.
Salvo muitíssimas raras excepções, os clientes – muitos deles “prioritários”, para não se dizer de “grupos de risco” – acotovelam-se, encostam-se e sentam-se por tudo quanto é sítio, ignorando e desrespeitando – às vezes, sem querer! – os tais distanciamentos exigidos em maré de COVID-19, esperando a vez de serem atendidos.
O que nem sempre acontece, já que, em muitos desses serviços há um “numerus clausus” de clientes a serem atendidos por dia, e cuja sagrada barreira não pode (?!) ser “rompida”.
Pena é que estes servidores desconhecem que muitos deixaram a cama “diazá”, antes das cinco da matina, na esperança de “levantarem” o “auxílio” que o parente de Costa d’Água apertou o cinto para repartir com o ente que deixou nestas terras ressequidas – mas inesquecidas e sempre benquistas! – do Meio do Atlântico.
Teses, cenários, propostas e hipóteses mil estão correndo soltos e de graça nas redes sociais, visando mitigar – como agora sói dizer-se! – as infindáveis e malditas bichas, aliás, filas.
Quaisquer uma delas visa a felicidade dos utentes dessas instituições, em ordem a que se faça jus e se desenterre a saudosa sentença de outrora – para que não fique letra morta: “o cliente tem sempre razão!”.
E não é favor nenhum…o serviço é pago (quase que) a preço de ouro. Aliás, do Cifrão.
Na parte que nos toca, acreditamos que matutando a sério e com tenência, é possível atinar-se com um (novo) modelo de atendimento que mitigue e encurte o tempo de espera e de aportar aos balcões dos mais variados serviços. Sejam eles públicos e/ou privados.
Para a felicidade e desestressamento dos utentes.
5– Olhar Onudiano.
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o português António Guterres, alertou, quarta-feira, 6, que “as pessoas com deficiências estão entre as mais afectadas” pela Crise da COVID-19.
Guterres reclama que essas categorias devem ter direitos iguais no acesso à assistência médica e aos procedimentos que salvam vidas durante a Pandemia.
E conclui: “Apelo aos governos que coloquem as pessoas com deficiências no centro das suas respostas à COVID-19 e dos seus planos de recuperação, consultando-as e envolvendo-as. Ao asseguramos os direitos das pessoas com deficiências, estamos a investir no nosso futuro comum”.