A Polícia Nacional confiscou, esta tarde, os telemóveis dos doentes isolados com coronavírus na Cidade da Praia.
A operação acontece depois de serem divulgados vídeos de dentro dos locais de isolamento e, também, horas depois de um dos infectados, instalado na Escola de Hotelaria e Turismo, ter publicado um novo vídeo a denunciar as situações “precárias” em que se encontram os assintomáticos.
O jovem, que se identifica como Rodney Fernandes, é neto da idosa com mais de 90 anos que faleceu com coronavírus na Praia e teria sido testado depois da morte da avó.
Segundo o vídeo publicado nas redes sociais, a avó teria sido atendida por duas vezes no Hospital Agostinho Neto, mas por não apresentar sintomas, não foi examinada.
O jovem, assintomático, diz ainda que, no isolamento na escola de Hotelaria e Turismo, onde se encontra, ele e uma irmã, o único medicamento que recebem é a Vitamina C, “às vezes” e que os enfermeiros são “meros entregadores de comida”, pelo que defende, não estando a receber qualquer tratamento ou acompanhamento, quem tem condições poderia fazer o isolamento em casa, em melhores condições.
Rodney Fernandes fala em condições precárias do espaço, como falta de água, comida insuficiente e denuncia o facto de ter de partilhar casa de banho com outros 50 infectados que estão em isolamento.
“Em qualquer país os assintomáticos estão a recuperar em casa. Eu tenho todas as condições para fazer isso. Mas eles (as autoridades sanitárias) fazem isso para passar a ideia de que o coronavírus está controlado”, considerou.
O jovem denuncia aquilo a que chama ser uma “falta de respeito pela imagem das pessoas”, que são buscadas em casa de dia e com um aparato de ambulância e bombeiros, para além de serem filmados por vizinhos, o que viola a privacidade a que que têm direito.
Entretanto, em conferência de imprensa, na Praia, esta tarde, Artur Correia, Director Nacional da Saúde, disse não ter conhecimento das denúncias.
Desconhece-se para já se a medida de confiscar os telemóveis é legal. Recorde-se que o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, disse que a democracia “não sofreu um apagão”.
(actualizada)