Por: Nataniel Vicente Barbosa e Silva
Se na verdade vivemos hoje na era tecnológica em que tudo praticamente está ao nosso alcance, algo, obviamente, inimaginável há alguns anos atrás, também, não é menos verdade que vivemos hoje, numa era atormentada, marcada por muitas aflições. Como se sabe, o nosso Planeta enfrenta hoje uma situação que coloca o homem perante muitas interrogações. Depois dos horrores das duas grandes guerras mundiais (1914-1918, e 1939-1945), o mundo está de novo confrontado com uma nova “guerra”: Covit/19: A pandemia do século.
Lua, objecto de curiosidade
Em tempo de crise como a que estamos vivendo, em tudo se agarra, e, muitos procuram refúgio à Bíblia Sagrada, tentando encontrar alguma chave para suavizar a ansiedade. Os escritos apocalípticos tornam-se, pois, uma das páginas preferenciais. A propósito disto, tem aparecido um punhado de gentes (gentes humildes) argumentando que a nossa vizinha Lua tem alterado nestes dias um pouco do seu brilho. Os mais ousados vão até mais longe afirmando que se nota a imagem da Virgem e do Menino Jesus no seu interior, algo surreal, uma vez que tal “fenómeno” ficou restrito a um reduzido número de pessoas. Será que temos videntes ocultos em Cabo Verde? Convenhamos minha gente! Mas, tudo isto demonstra com uma certa evidência o grau do medo e inquietação que reina no espírito das pessoas, o que é de certo modo compreensível dado o impacto que esta tragédia vem causando às pessoas.
Os verdadeiros heróis
Voltando ao tema deste artigo: Quem são os verdadeiros heróis nessa batalha? A resposta não podia ser outra: são os profissionais de saúde que se entregam abnegadamente nessa luta, batalhando dia e noite, sem olhar a quem, e, por vezes, sem meios adequados colocando a sua própria vida em risco em defesa dos seus pacientes. E, lamentavelmente, centenas dos quais já estão na lista dos infectados e muitos destes, já perderam a vida. Prova de heroísmo e de um grande amor à profissão e aos próximos. Mártires da era moderna, cujos nomes deviam ser perpetrados para as gerações vindouras. Pelo fogo se prova o ouro, diz o provérbio popular. Um calvário que ninguém se atreve a prognosticar o seu fim. Mas, uma coisa ousamos assegurar: a ciência sairá certamente mais reforçada após a passagem desta tragédia. Recorrendo pois, ao velho ditado: não há mal que não acabe e nem bem que sempre dure.
Estados Unidos de América, o foco da pandemia
Impensável para muitos, que os Estados Unidos, país com uma tecnologia de ponta, reconhecido pelos seus próprios rivais, estariam hoje, numa situação tão delicada como a que se encontram, tornando-se o país mais flagelado do mundo, tanto em número de mortos como em número de infectados.
Ora, segundo um balanço da Agência Francesa, no mundo todo, até hoje, regista-se uma cifra de 123 mil e 920 óbitos e quase dois milhões de infectados. Enfim, as voltas que o mundo dá, isto é, em pleno século das luzes onde a ciência e a técnica predominam no Planeta azul.
Ora, os americanos e não só, choraram e lamentaram os trágicos ataques de 11 de Setembro de 2001, aquando da destruição das torres gémeas e queda de outros aviões desviados pelos terroristas. Obviamente, nunca teriam imaginado que, quase 19 anos depois, o país viria a confrontar-se com um outro ataque. Desta feita, ataque de um inimigo invisível com consequências muito mais nefastas.
Como disse uma alta entidade religiosa estamos todos no mesmo barco cruzando o oceano à procura de um porto seguro. Que Deus nos salve!
Cabo Verde na prevenção
Cá entre nós, desprovidos de recursos, a nossa arma consiste na prevenção. Entretanto, a situação não deixa de ser preocupante com os 11 casos registados até à data. (14.04.20).
Os “entendidos” acreditam que em qualquer pandemia quem mais sofre são os mais vulneráveis.
Terminamos com este velho adágio: depois da tempestade vem a bonança.
“Nu obi voz di nos otoridadi. Djuntu nos e mas forti”. Coragem a todos.
Tarrafal, aos 15 de Abril de 2020