Por: Joao Tavares Fidalgo*
“Nunca se vence uma guerra lutando sozinho.” (R. Santos)
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o coronavírus como uma pandemia. Isto acontece mais de uma década depois da última pandemia mundial. Há aumentos dos casos por todo o mundo e já se contam mais de 1, 681 964 pessoas infectadas em todo o mundo com 102, 026 mil mortos (dados de 10 de Abril).
Nos últimos dias, o Estado Unidos da América tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com elevado número de mortos e de pessoas contaminadas, tendo levado o Governo a colocar todo o país sob quarentena. Tudo leva a crer que é uma crise de curta duração e todos somos convidados a participar nesta guerra global, com cooperação e coordenação globais.
É uma guerra contra um inimigo comum, um inimigo da humanidade. A este respeito, de acordo com a análise de um professor de epidemiologia da Universidade de Harvard, Marc Lipsitch, citado pela revista “The Atlantic” (em “You’re Likely to Get the Coronavirus”), nos próximos doze meses é possível que entre 40% a 70% da população mundial venha a contrair o vírus que causa o COVID-19.
O Impacto na economia e no sector financeiro são significativas. A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) estima que as perdas globais de receita do setor devem ficar entre US$ 63 bilhões e US$ 113 bilhões — algo entre R$ 290 bilhões e R$ 520 bilhões.
A consequência imediata será, pois, a redução da oferta, a disrupção das cadeias de valor no comércio internacional e, possivelmente, alguma inflação em determinados bens e serviços mais afetados pela quarentena a que milhões de pessoas foram forçadas nas últimas semanas na China.
Na realidade, a pressão maior da opinião pública estará sobre os governos no sentido de estes implementarem políticas orçamentais expansionistas, seja para reforço dos orçamentos da saúde ou para medidas de apoio às empresas. Em resposta, um pouco por todo o lado, os governos vão discutindo políticas públicas de apoio orçamental e os bancos centrais vão preparando novos estímulos monetários.
O G-20 vai injetar 5 trilhões de dólares na economia global . Os Ministros das Finanças da Zona Euro, o Eurogrupo chegou ao acordo de 540 mil milhões de resposta à crise. O FMI está a mobilizar um bilião de dólares para combate ao coronavírus, para ajudar os seus membros a combater a pandemia de coronavírus (Covid -19) e os seus custos humanos, econômicos e financeiros generalizados. O FMI prevê uma contração de 3% do PIB mundial, em 2029, pior situação desde 1930.
As consequências económicas para o continente africano serão provavelmente graves e duradouras. Muitos países africanos têm uma elevada dependência das exportações de mercadorias para a China, contas públicas fracas, elevados encargos com a dívida e fragilidades no tecido produtivo.
A crise ainda é imprevisível, não há ainda quantificação do tempo que vai levar, Cabo Verde poderá enfrentar tempos difíceis com a redução do turismo, remessas de emigrantes, redução de receitas de todo o tráfego aéreo e a dinâmica da economia no seu todo. Conforme a agência Standard & Poor’s Cabo Verde pode entrar em recessão, se o turismo cair perto de 30% do PIB. Conforme a entrevista no jornal expresso das ilhas, do Vice Primeiro Ministro e Ministro das Finanças, Dr Olavo Correia poderá haver uma perda de receitas 16 mil milhões de escudos de receitas e 500 mil turistas em 2020, duplicação na taxa de desemprego e decréscimo de PIB.
De acordo com o Vice-primeiro-ministro e Ministro das Finanças, Olavo Correia, “. Temos, igualmente, de começar a preparar o “novo” futuro. Um futuro envolto em tantas mutações, turbulências e incertezas”.
O Problema é quanto tempo que um país Insular e resiliente, dependendo do turismo (cerca 25% PIB), transportes e telecomunicações, com um tecido produtivo frágil, aguenta com medidas de estado emergência, confinamento, quarentena domiciliar, “lay off”, algumas empresas fechadas, a montante e jusante ao sector do turismo.
Parece-nos que não temos almofadas e resiliência suficientes para manter nessa situação por muito tempo até descoberta da vacina, prevista para próximo ano. Por isso, as medidas tomadas pelas autoridades competentes são de caráter temporário e excecional, que poderá ser prorrogado.
Muitos poderão querer nesse período “easy money”, com maior flexibilidade em termos de exigências e sem observar determinadas condições, ainda que mínimas estabelecidas. Nesse período deverá haver sacrifícios tripartidos. Aquelas empresas que conseguirem gerar lucros em 2019, poderão sacrificar os seus lucros e a distribuição de dividendos, ou chamar aos proprietários a participarem nesse esforço, entre outras medidas julgadas pertinentes.
Todavia, sem a previsão da retoma económica, algumas empresas poderão por questão de prudência, não aceder às linhas de crédito disponíveis, porque se não houver retoma económica num prazo razoável, terão dificuldades no futuro de honrar com os compromissos, porque o dinheiro não é donativo e nem é dinheiro a fundo perdido.
Portanto, é preciso confiar nas lideranças, autoconfiança, atitude positiva e com medidas assertivas e rápidas tomadas, iremos vencer essa guerra. Em suma, juntos somos mais fortes, para debelar e minimizar o impacto da propagação do Coronavírus e salvamento de vidas humanas.
MEDIDAS A NÍVEL FINANCEIRO PARA MITIGAR OS EFEITOS DA COVID-19 NAS FAMÍLIAS CABO VERDIANAS, PELO GOVERNO
“São elas o reforço de liquidez aos bancos comerciais e flexibilização das regras prudenciais por parte do BCV para assegurar que as instituições financeiras vão continuar a financiar as famílias e empresas, a possibilidade de atribuição de moratórias ou carência a particulares e a empresas no pagamento dos empréstimos bancários.
Linhas de crédito para o reforço da liquidez das empresas disponibilizadas pelos bancos comerciais;
Parceria na realização das medidas de proteção às famílias, aos pequenos negócios e ao setor informal através de facilidades à abertura de contas bancárias e atribuição de cartões R24 aos beneficiários;
Parceria na divulgação de informação de prevenção individual nos ATMs (SISP) e uma parceria na atribuição de seguros de vida aos profissionais de saúde e das forças de segurança, envolvidos no combate ao COVID-19, afirmou o Primeiro Ministro, para quem, as medidas foram tomadas de forma assertiva e rápida para mitigar os efeitos da crise.”
*Economista
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