A Alta Comissária da ONU (Organização das Nações Unidas) para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse, esta sexta-feira, 24, estar alarmada pelo aumento das restrições de vários governos à Comunicação Social Independente e pelas “detenções e intimidações de jornalistas” durante a actual Pandemia.
“Alguns Estados usaram o Surto do novo Coronavírus como pretexto para restringir a informação e reprimir as críticas”, acusou Bachelet – citado pela jn.pt -, acrescentando que a Liberdade de Informação na actual crise de Saúde é vital para a luta contra a COVID-19.
“A Comunicação Social Livre é sempre essencial, mas nunca dependemos tanto dela como durante esta Pandemia, quando tantas pessoas estão isoladas e temem pela saúde”, defendeu a também ex-Presidente chilena.
Bachelet sublinhou que, durante a Pandemia, alguns líderes políticos fizeram declarações contra jornalistas que criaram um ambiente hostil para com esses profissionais, dificultando o seu trabalho.
No Comunicado – reportado pela jn.pt -, a Alta Comissária cita um Relatório do Instituto Internacional de Imprensa, que contabilizou mais de 130 ataques a meios de Comunicação Social desde o início da Pandemia, incluindo 50 casos de censura e restrições ao acesso à Informação.
Além disso, de acordo com o Relatório, pelo menos 40 jornalistas foram presos ou acusados nos cinco continents, por publicar artigos que criticavam a gestão governamental da Pandemia, ou simplesmente por questionar a veracidade dos números oficiais de pessoas afectadas pela COVID-19.
O Documento refere, também, casos ainda mais graves, como o de jornalistas que desapareceram e vários meios de Comunicação que foram fechados pelas autoridades.
“Não estamos em momento de culpar o mensageiro e, em vez de ameaçar jornalistas, os Estados devem promover um debate saudável sobre a Pandemia e as suas consequências”, concluiu Bachelet.
Desde que foi detectada na China, em Dezembro passado, a Pandemia de COVID-19 já provocou mais de 190 mil mortos e infectou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios, segundo um balanço da AFP.
Mais de 708 mil doentes foram considerados curados.
Para combater a Pandemia, governos de vários países mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do Planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram, drasticamente, o tráfego aéreo, paralisando sectores inteiros da Economia Mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram, entretanto, a desenvolver planos de redução do confinamento e, em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.