Portugal passou a ser um dos países que fazem mais testes de diagnóstico do novo corona vírus por milhão de habitantes. O dado é avançado pelo Público, tendo como fonte o site Worldometers, que actualiza ao dia etas informações para todos os países.
Apesar das dificuldades na obtenção de kits, reagentes e zaragatoas (cotonetes mais longas para a colheita de amostras no fundo do nariz ou na garganta), estão a ser testadas milhares de pessoas por dia e Portugal está num lugar cimeiro na tabela do Worldometers.
Na quarta-feira (15) estava bem acima da Coreia do Sul e apenas um lugar abaixo da Alemanha, países destacados como alguns dos melhores exemplos pela sua capacidade de fazer um grande número de testes de diagnóstico, uma das medidas apontadas como explicação para as baixas taxas de letalidade por covid-19 que apresentam. Os dados vão mudando diariamente, mas Portugal estava então entre os dez primeiros países do mundo neste ranking.
Actualizados na última quinta-feira pelo secretário de Estado da Saúde, os últimos números nacionais indicam que desde 1 de Março e até quarta-feira foram feitos mais de 208 mil testes, o que dava 20.430 por milhão de habitantes. A Alemanha fez mais de 1,7 milhões, um total de 20.629 por milhão de habitantes na quarta-feira, segundo o Worldometers.
Estes testes de diagnóstico (em que é pesquisado o material genético do vírus por PCR em tempo real) começaram por ser realizados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Insa) e pelos laboratórios de alguns hospitais públicos, quando surgiram os primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus. Mais tarde passaram também a ser efectuados por laboratórios privados em colaboração com as autarquias. Na maior parte dos casos são actualmente realizados no modelo drive thru (em que as pessoas entram e saem dos postos de colheita de carro) e o Serviço Nacional de Saúde paga 87,95 euros por cada um.
Com os olhos postos no futuro, os maiores grupos privados de análises clínicas do país anunciaram, entretanto, que estão já ou que vão começar a comercializar outro tipo de testes, os de imunidade ou serológicos. São exames moleculares realizados a partir de uma amostra de sangue e que servem para detectar a existência de anticorpos em indivíduos que possam ter estado infectados sem ter tido sintomas ou que não tenham efectuado o teste de diagnóstico.
O caminho destes testes de “uma nova geração”, como lhes chamou o Presidente da República — que quis saber se contactou com o novo coronavírus, foi testado e ficou surpreendido com o resultado negativo —, poderá vir a ser similar no futuro. Mas para já é preciso cautela, porque ainda há muita incerteza em relação a estes exames que estão a aparecer no mercado.
O primeiro a anunciar que está a fazer testes de imunidade foi o grupo Germano de Sousa, que começou há duas semanas só a pedido de médicos que suspeitam que os seus doentes possam ter tido covid-19. Germano de Sousa sublinha que a sua rede de laboratórios só faz testes serológicos quantitativos, que detectam a quantidade de anticorpos no sangue, não os qualitativos. Estes últimos são mais básicos e pouco fiáveis — com uma simples gota de sangue percebe-se se houve ou não contacto com o vírus e o resultado demora poucos minutos, à semelhança dos testes de gravidez. Mas é mesmo só isso que se fica a saber.
Quanto ao preço dos testes quantitativos, este pode ser superior a 50 euros, se forem testados dois tipos de anticorpos, IgM e IgG, diz Germano de Sousa. Os primeiros anticorpos podem ser detectados logo a partir de cinco ou seis dias depois do início dos sintomas e são a primeira resposta do organismo, enquanto os outros aparecem após 14 dias e são aqueles que, pelo menos em teoria, conferem imunidade contra a covid-19, explica o médico. A análise laboratorial a cada um custa “entre 25 e 30 euros”, adianta. “Quando os testes aparecem, custam brutalidades”, justifica Germano de Sousa.
O grupo Joaquim Chaves anunciou entretanto na sua página na Internet que os exames de imunidade estão disponíveis desde segunda-feira, igualmente com prescrição médica, sem revelar o preço. Já a rede de laboratórios Unilabs Portugal começou a fazer testes de imunidade nesta quinta-feira, cobrando 39 euros e exigindo também que seja prescrito por um médico. A Unilabs apenas faz análise laboratorial de IgG, uma vez que a IgM apenas é utilizada para detecção em fase aguda.
Ao mesmo tempo, há laboratórios científicos a desenvolver testes de imunidade para futura produção em massa cujo preço será bem mais reduzido, garante Pedro Simas, virologista e investigador no Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa. O IMM está a trabalhar em conjunto com outros institutos no desenvolvimento destes testes serológicos. “É só esperar algumas semanas. Estes testes são baratos e é possível fazer milhares por dia”, garante Pedro Simas.
Fonte: Público