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Covid-19

COVID-19: Onde estão as fontes oficiais?

As autoridades querem que as notícias sejam confirmadas e averiguadas junto de fontes oficiais. Não podemos de todo, dizer que estão erradas.

Sempre que possível ou necessário essa opção é a melhor também para nós, os jornalistas. Salvo, claro, a diversidade de fontes e a oportunidade de ter voz activa, que também deve ser assegurada às pessoas, digamos,
comuns.

Posto isto, vejamos. Uma equipa do A Nação sai às ruas, como tem sido hábito desde que foi declarado o estado de emergência, para constatar, fazer o ponto da situação e transmitir aqui, não só o comportamento das
pessoas durante a quarentena, mas também o funcionamento dos serviços essenciais.

Na manhã desta quinta-feira,2, chegamos no cais da Praia para recolher informações sobre a apreensão de viaturas que, na terça-feira, já ultrapassava uma centena. Questões simples como quantas apreensões até hoje, se são
viaturas individuais ou de empresas, qual ou quais a(s) medida(s) aplicada(s) aos infractores e se pagam multas, que viaturas podem, de facto circular, entre outros.

No cais, abordamos o corpo da Polícia Nacional, que nos encaminhou a esquadra da Polícia de Trânsito, em Achada Santo António. Até aqui tudo normal. Seguimos como sugerido e, nesta unidade, fomos informados, pelo comandante, que quem poderia nos facultar estas informações era o Comandante Regional da PN, no Palmarejo.

Lá fomos nós, mais uma vez, atrás das informações, que só quem nos pode dar são as ditas fontes oficiais. Mais uma vez batemos com a cara na porta. O comandante afinal não pode falar porque existe um porta-voz para isso. Este, supostamente, está na Direção Nacional da Polícia, no Plateau, para onde seguimos caminho.

Na DNP fomos recebidos por agentes que, a partida, estranharam a nossa presença ali, justificando, primeiro, que ali “não há nenhum porta-voz e, segundo, que estas informações nos deveriam ser dadas na Polícia de
Trânsito ou no Comando Regional.

Bom, nos restou explicar todo o nosso trajecto até ali, para que, depois de um compasso de espera, nos fosse informado que a pessoa que deveria falar connosco estava no terreno.

A solução seria nos indicar – pasmem – a placa da viatura do dito cujo para que tentássemos identificá-lo na Cidade da Praia.

“Sabemos que vocês têm direito à informação, mas existe uma hierarquia que deve ser respeitada” disseram.

O certo é que nem o Comandante da Polícia de Trânsito, nem o Comandante Regional de Santiago Sul e nem a Direcção Nacional da Polícia foram considerados “fontes oficiais” suficientes para nos informar acerca da apreensão de mais de uma centena de viaturas, no decorrer do estado de emergência, na Cidade da Praia.

Agradecemos e voltamos para casa de mãos vazias. De mãos vazias, não necessariamente, porque agora vos escrevo esta crónica, que nada mais é do que a demonstração do quão fácil é ter acesso a fontes oficias de informação em Cabo Verde.

E não, esta não é uma situação isolada, num momento em que o país passa por uma crise a todos os níveis. Este é, sim, o pão nosso de cada dia.

Natalina Andrade

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